Histórico das Conquistas das Vias de Escalada no Pico TUCUM (Serra do Ibitiraquire/PR)

Por: Gustavo Castanharo “Tavinho”

Os relatos a seguir contém os detalhes de cada investida que realizamos para a conquista das vias de escalada no Pico Tucum, no período de Julho de 2018 a Setembro de 2019, projeto que denominamos “Projeto Tucum 20 anos”, que pode ser lido com mais detalhes no “Guia de Escalada em Rocha – Pico Tucum” (clique aqui para acessá-lo).

Ao total foram 28 investidas para a conclusão do Projeto, em 14 meses de trabalho!

Antes de ler estes registros, sugiro a leitura do capítulo “6- Um pouco da história do Projeto Tucum 20 anos”, constante no Guia supracitado. 

Empresas que apoiaram o “PROJETO TUCUM 20 ANOS”:

– BONIER Equipamentos: bonier.com.br
– Loja ALTA MONTANHA: lojaam.com.br
– Ginásio de Escalada CAMPO BASE: campobase.esp.br
– MARUMBY Montanhismo: marumby.tur.br
– SPYFFER Sapatilhas de Escalada: instagram.com/spyffersapatilhas
– TATTU Ressolas: instagram.com/tatturessolas
– ALTO ESTILO Equipamentos de Escalada: altoestilo.com
– MUNDO VERTICAL Trabalhos e Soluções em Altura: mvertical.com.br
– CAVERNA Ginásio de Escalada: cavernaescalada.com.br
– QUATRO VENTOS Equipamentos de Escalada: instagram.com/quatroventoss
– POLE CLIMB Studio de Pole Dance e Sala de Boulder: instagram.com/poleclimb
– SERALTS Soluções em Altura: seralts.com.br
– Desafio PURO MONTANHISMO: desafiopuromontanhismo.com.br
– ARIENTI Equipamentos: instagram.com/arientiequipamentos
– CALANGO Expedições: calangoexpedicoes.com.br
– MUNDO VERTICAL Escalada e Montanhismo: mundovertical.com
– TRAD FRIENDS: TradFriends.com
– GR TRAVEL GROUPS Agência de Viagens: grtravelgroups.com.br

 

1ª investida – dia 28/07/2018 (Sábado)

A ideia inicial do projeto era chegar até a base das maiores rampas do Tucum, belas paredes de granito que “namorávamos” desde os idos da década de 90, que podem ser melhor visualizadas desde os morros Itapiroca ou Caratuva, e abrir uma via longa, mais à esquerda de uma via inacabada até o momento e também de uma linha conquistada em sólo anos atrás, para não interferirmos nessas linhas. A história dessas 2 linhas/vias pode ser lida no “Guia de Escalada em Rocha – Pico Tucum”. Meu irmão, Giancarlo Castanharo “Cover”, imaginava que a melhor forma seria acessar esta base pelo vale entre o Camapuã e Tucum, a partir da trilha normal que liga os respectivos cumes. Nesse dia eu e o Canidia (Ednilson Feola) realizamos a primeira investida, 10 anos após o ano de 2008, em que eu, meu irmão e o Emerson “Simepar” adentramos por um vale entre às Fazendas da Bolinha e do PP (Pico Paraná) e subimos abrindo trilha por aquele vale até chegar quase na base das rampas, mas desistimos pelo tamanho da trilha que teríamos que manter aberta futuramente para 1 escalada somente (conforme já comentamos no texto: Histórico do Setor, do citado Guia) e também pela fria chuva que caia naquele dia. Descemos inicialmente pelas encostas do lado do Tucum, pelo vale supracitado, mas o terreno era muito íngreme com grandes blocos de pedra e de difícil progressão. Desistimos de continuar por esse lado e cruzamos (voltamos) para o lado do Camapuã, aproveitando uma região de campo e descendo por ele, até cruzarmos novamente para o lado do Tucum, já em uma altitude bem baixa, mais ou menos no mesmo nível da base das rampas, passando por um trecho do riozinho que na época estava seco, encontrando rastros e vestígios dos cortes das árvores Pinus que foram realizados na década de 90 por um grupo de montanhistas. Finalmente chegamos a base das rampas e fomos as contornando pela base, sendo que o terreno era muito irregular. Observamos as rampas, desde a parte onde provavelmente ocorreu o sólo do Dubois e visualizamos também a via inacabada. Continuamos margeando a base das paredes sentido Pico Paraná até chegar ao atual “Setor das Meninas” (lado oposto de onde viemos), e depois, ao atual “Setor Portal de Entrada”, onde chegamos exatamente na pedra que apelidamos de “Platô da Soneca” (o próprio nome já explica o motivo). De lá subi e fiz um reconhecimento no atual “Setor Vista para o PP”, visualizando o potencial de ambos. A ideia inicial de abrir somente 1 via “caiu por terra”. Continuamos subindo a encosta nordeste do Tucum sentido trilha Tucum-Cerro Verde a partir do setor “Portal de Entrada”, beirando as paredes até encontrar a referida trilha, ponto onde hoje tem a última corda fixa dessa subida. O clima estava um pouco nublado. Foi um dia longo e cansativo, mas alcançamos o objetivo proposto, que era o reconhecimento inicial das paredes. 

 

2ª investida – dia 04/08/2018 (Sábado)

Considerando o terreno ruim até os futuros setores de escalada para abrir uma toda de acesso vindo pela trilha pelo vale entre o  Camapuã/Tucum, percebido na investida anterior, decidi acessar o setor por onde subimos na investida anterior, juntando com a trilha que liga Tucum-Cerro Verde. Então nessa investida eu e o Canidia iniciamos a trilha de acesso ao futuro Setor de Escaladas a partir do cume do Cocuruto anexo ao Tucum, exatamente a partir de seu cume. Esse cocuruto é um “cumezinho” onde inicia a trilha para o Cerro Verde / Luar (ou também para o Ciririca por cima), antes de iniciar a íngreme descida até o vale Tucum/Cerro Verde. Alcançamos rapidamente a base da futura via “Portal de Entrada”. Neste dia fizemos alguns furos para fixação das cordas fixas. O clima estava perfeito. A vontade já era de escalar, mas tínhamos que retornar haja vista o anoitecer próximo. 

 

3ª investida – dia 11/08/2018 (Sábado)

Sem parceria nesse fim de semana eu decidi fazer uma investida em solitário, na qual levei umas cordas que comprei e alguns pedaços que tinha para fixar nos lugares mais complicados, para serem usadas como “cordas fixas” para evitar erosão e trilhas paralelas no acesso, aproveitando para bater alguns grampos “P” e chapeletas BONIER e iniciando a fixação das cordas. Fixei a corda no início da trilha para o Cerro Verde, na descida do Tucum, com 3 grampos “P” antigos, de 10mm, que eu e meu irmão tínhamos ganho há muitos anos do veterano marumbinista “Paraquedista (PQD)”, mas ainda em bom estado. Fixei outra corda já na trilha para o Setor de Escaladas, também com 3 grampos “P” da mesma origem, e as cordas para acessar o Platô da Soneca, estas com chapeletas de inox BONIER, pois é um trecho mais íngreme. O clima estava perfeito. Mais uma investida sem poder escalar paredes virgens! 

 

4ª investida – dia 19/08/2018 (Domingo)

Novamente eu e o Canidia realizamos mais uma investida, sendo esta a primeira com escalada propriamente dita e o início da primeira conquista da nossa empreitada. Conquistamos 2 primeiros esticões (de +-30m cada) da via que chamamos de “Portal de Entrada”, por se tratar da primeira via encontrada quando se chega aos setores. A via foi terminada posteriormente. Nesse dia o clima estava perfeito, com um pouco de frio, mas com uma bela vista para o Pico Paraná durante toda a escalada. Nesse dia ainda fizemos alguns furos com o restante das baterias para futuramente fixarmos as cordas de acesso ao Setor de Cima, que denominamos posteriormente de Setor “Vista para o PP”. Essa via demonstrou o potencial que teríamos pela frente para mais vias. 

 

5ª investida – dia 15/09/2018 (Sábado)

Após 20 dias que tirei de férias, quase 1 mês após a última investida, retornamos ao projeto, mas nessa investida o Canidia não pode ir, e finalmente meu irmão, mentor junto comigo do projeto, pode ir pela primeira vez. Fixamos as cordas de acesso ao Setor de Cima (“Setor Vista para o PP”), com os furos feitos na investida anterior, e iniciamos a conquista da 2ª via do setor, com a colocação de 4 chapeletas Pingo da Bonier, sendo interrompidos pelo início de uma forte garoa. A via foi batizada de “Cartão Postal”, pois fica em um dos melhores locais para se tirar foto com o Pico Paraná ao fundo. A via foi terminada posteriormente. Após guardarmos os equipamentos o barril para não molhar, iniciamos a abertura da trilha para os setores de baixo, com o objetivo de chegar ao setor das “Super Rampas”, mesmo debaixo de um chuvisco forte, quando chegamos a uma pedra que denominamos de “Pedra dos Estudos”, nome este porque permite um belo visual da maioria das paredes do Tucum, local também da base do futuro setor que denominamos inicialmente de setor “Café com Leite”, com rampas possivelmente fáceis, onde dariam algumas vias. No entanto, no futuro descobrimos que essas linhas não eram tão fáceis como imaginamos, e depois o nome do setor foi alterado para “Setor das Meninas”, pois os 3 integrantes do projeto (Eu, Cover e Canidia) tínhamos cada um uma filha (na verdade a minha ainda seria entregue pela “cegonha”). Voltamos encharcados e com muito frio durante todo o percurso.

Curiosamente, nesse dia, quando iniciamos a caminhada na Fazenda da Bolinha, havia muito granizo ainda intacto na trilha, oriundo do temporal do dia anterior, que furou grande parte do telhado da cozinha da casa da chácara da Bolinha e tinha triturado muitas folhas das árvores ao longo da trilha, que caíram no solo, o que deixou o caminho parecendo um tapete verde.

 

6ª investida – dia 22/09/2018 (Sábado)

Neste dia participamos somente eu e o Canidia, quando iniciamos a conquista da 3ª e 4ª via do projeto, estas no “Setor Vista para o PP”, sendo que a via mais à direita, conquistamos somente o primeiro esticão com aproximadamente 30m. Durante a realização do furo para fixar a 6ª chapeleta, onde era o crux (trecho mais difícil) do esticão, talvez um 5ºsup/6º, eu estava em uma posição ruim quando a bateria acabou na metade do furo, deixando-me em uma situação complicada, mas consegui colocar um cliff de furo no buraco que havia sido interrompido pela falta de bateria e consegui descansar um pouco pendurado no cliff e pensar o que fazer. Desescalar com a furadeira presa na cadeirinha não seria legal caso tomasse uma queda, então visualizei umas agarras para fazer um lance lateral para a direita em direção a uma canaleta de mato, por onde consegui desescalar um pouco, momento que fui atacado por formigões que estavam naqueles matos. Levei algumas mordidas, mas conseguir descer pela canaleta até ficar horizontalmente com a corda para a esquerda na costura debaixo e pendular, sem maiores problemas. Peguei a bateria reserva e voltei ao lance, terminando de bater a chapa e finalizando mais acima em uma parada dupla. A via ficou batizada como “No Crux sem Bateria” e foi finalizada posteriormente.

Logo após o episódio acima, com a bateria reserva, iniciamos a conquista da 4ª via. Nesta, quando estava para iniciar o furo da 5ª chapeleta e comecei a puxar a furadeira que estava pendurada de baldinho na costura anterior, imprevisivelmente a furadeira entrou por baixo da costura que estava minha corda principal, girou a costura e a sacou (unclipping), deixando eu sem a costura debaixo (4ª proteção), que estava a uns 8 metros abaixo, ficando somente com a 3ª proteção, esta que do chão ficava a uns 10 metros, mais a distância entre esta e a que sacou, portanto, se eu caísse, iria cair uns 25m direto para o chão. Seria uma situação desesperadora, mas com muita calma preferi puxar a furadeira, pois estava em uma situação confortável, pisando em uma agarra boa e consegui fazer o furo e fixar a chapeleta (a sorte era que esse trecho era um 4º grau). Com esse episódio, a ideia inicial era de batizar a via de “Costura Fujona” ou “A Costura Sacou”, mas futuramente mudamos o nome, por outro episódio citado adiante. A via foi finalizada posteriormente.

 

7ª investida – dia 02/10/2018 (Terça-feira)

Em plena terça-feira, pois nos próximos finais de semana não poderíamos, e aquele dia da semana era a única possibilidade de folga no trabalho, eu e meu irmão conseguimos uma folga no trabalho e com uma previsão de tempo “perfeita”, perfeita para fortes chuvas, fomos insistentes e saímos de casa pouco antes das 5hs da manhã, iniciando a caminhada antes das 6 da manhã, com um clima feio e uma garoa fina (insistentes né?). Chegando ao início das rampas de campos do Camapuã havia um enorme temporal engolindo Curitiba e região metropolitana. Estava tudo preto naquela direção e com muitos relâmpagos. Liguei para minha esposa Fernanda, a qual disse que em Curitiba “o céu estava desabando”. Insistentes, subimos mais uns 5 minutos olhando os diversos raios caindo em Quatro Barras e torcendo para o vento fazer o temporal desviar o maciço do Ibitiraquire. Claro que isso não ocorreu e o temporal se aproximou rapidamente com raios caindo perto e iniciamos correndo a descida. Quando entramos na florestinha, no início das rampas do Camapuã, o “céu desabou” caindo muita água, ventos e raios. Após chegarmos “de alma lavada” a chácara da Bolinha, conseguimos ainda pegar o carro e chegar em Curitiba às 9:30 da manhã, tomando um banho e conseguindo “cancelar” a folga do trabalho naquele dia, trabalhando o resto do dia e “guardando” esta folga para outra oportunidade (bons chefes). 

 

8ª investida – dia 20/10/2018 (Sábado)

O mês de outubro foi cruel, desde a investida anterior não parou mais de chover. Mesmo com a previsão ruim, novamente insistimos e eu e meu irmão fomos para a montanha “trabalhar”. Logo após sair da fazenda da Bolinha já estávamos com as pernas encharcadas haja vista a mata molhada com tanta chuva do dia anterior. Chegamos ao cume do Camapuã com um vento gelado e garoa forte, e insistimos até o Tucum, mas o clima não mudou.

Insistentes, e para não “perder a viagem”, chegamos aos setores e continuamos pela trilha que havíamos iniciado a abertura para acessar o “Setor Super Rampas”, passando pelo futuro “Setor das Meninas” (até então nomeado de “Café com Leite”) totalmente encharcados. Visualizamos 2 futuras linhas de vias naquele setor, onde batemos uma chapeleta no início de cada via, na altura que alcançamos do chão, uma na qual a base era meio alta, com risco de queda logo na saída para uma parte mais baixa que a base, e outra porque o inicio da linha se encontrava em cima de um platô que acessamos pela lateral com uma parede de uns 5 metros abaixo até o chão. Mesmo com chuva leve fizemos os furos e fixamos essas 2 chapeletas e continuamos a abertura da trilha até base das Super Rampas, na qual havia uma cachoeira escorrendo desde a parte superior delas. Nessa região a rampa é bem suave, então, mesmo molhada, conseguimos bater 2 chapeletas iniciais onde futuramente seria conquistada a via “Dez Anos Depois”. A continuação da conquista dessa via nas Super Rampas ocorreu no fim de semana seguinte. No retorno aproveitamos a “sobra” de bateria para fazer alguns furos ao longo da trilha de acesso para futuramente fixar mais algumas cordas na descida do Tucum, sentido Cerro Verde (cordas usadas doadas pelo Ginásio de Escalada Campo Base), onde a trilha tem vários pontos comprometidos com a abertura de acessos laterais pelos visitantes por causa inclinação e dificuldade dos trechos.

 

9ª investida – dia 28/10/2018 (Domingo)

Segundo turno das eleições presidenciais de 2018, eu estava trabalhando como mesário para a Justiça Eleitoral, e o Canidia também não podia ir, mas meu irmão fez uma investida em solitário mesmo com uma previsão climática não muito boa. Após a investida anterior, quando batemos as 2 primeiras chapeletas iniciais da “Super Rampa”, meu irmão conseguiu nesta investida escalar em solitário e finalizar 3 esticões curtos (de no máx. 30m cada) dessa futura via, totalizando aprox. 85 metros de conquista até o momento, com proteções em média a cada 10 ou 15 metros, considerando que é uma rampa suave com graduação de 3º grau, fixando um total de 9 chapeletas nesse dia (contando com 3 paradas duplas a cada 30m). A nossa “política” para abertura das vias no Tucum era a de abrir vias bem protegidas para qualquer escalador poder desfrutar, haja vista o potencial de vias longas e fáceis, se tornando um “Campo Escola” para escaladores inexperientes futuramente escalarem grandes paredes. A partir do ponto que ele chegou a rampa empinou um pouco e a conquista ficaria para uma próxima investida com outro parceiro. Com as chuvas frequentes naquele mês, um fato engraçado aconteceu durante essa conquista. De repente, filetes de água começaram a escorrer pela rampa, molhando a corda e a rota da via, mesmo não garoando ou chovendo no local. 

 

10ª investida – dia 16/11/2018 (Sexta-feira)

Dia seguinte, a previsão do tempo continuaria boa, então realizamos uma nova investida, mas desta vez sem o Canidia, que não pode nos acompanhar. Era o segundo dia consecutivo naquele feriadão. Como tínhamos somente 2 baterias para a furadeira, e a cada dia de conquista a carga delas terminava, não tínhamos como recarregá-las na montanha, então, todas nossas investidas eram no sistema “bate-volta” – sem pernoitar na montanha. Saímos tarde de Curitiba nesse dia, considerando já estarmos cansados do dia anterior. O objetivo era finalizar a via da “Super Rampa” nesse dia. Chegamos a base da rampa às 13hs (tarde!). Preparando o equipamento, coloquei a bateria na furadeira e quando fui testar perguntei para o meu irmão: “Cadê a broca?”. Havia ficado no barril que deixávamos no Platô da Soneca, 20min acima. Voltei correndo para buscá-la e nisso perdemos quase 40 minutos. Escalamos os esticões já conquistados e ainda estávamos em dúvida se iriamos para a direita e finalizaríamos a via por uma linha de rocha uns 30m acima do próximo trecho de mato, mas com isso podíamos interferir nas citadas conquistas do Dubois e do Taylor/Homer/Tico. Preferi ir pela rampa que havia chegado ontem (mais à esquerda e paralela ao Arestão). Na primeira Pingo que havia batido no dia anterior, nessa rampa, antes de fazer a transversal para alcançar o Arestão, decidimos subir por essa linha de rampa e finalizar a via por uma linha vertical de agarras que visualizamos no final do Arestão. Bati mais uma Pingo nesse local fazendo 1 parada dupla e então escalei uns 30m para cima batendo 3 chapeletas intermediárias e 1 parada dupla com 1 chapeleta Pingo e 1 Dupla. Acima disso iniciava-se outro trecho de mato, no qual meu irmão foi em direção diagonal a esquerda chegando até a linha vertical com agarras por onde imaginamos finalizar a Super Rampa, já no final do Arestão. Bateu uma chapa na base dele e iniciou o lance, que depois eu vindo de segundo/participante achei um pouco estranho e difícil, pois iria destoar de todo o restando dessa linha que havíamos conquistado, já que toda a linha até esse trecho não tinha passado de 4º grau geral, e um pouco mais acima bateu mais uma Pingo, ficando um lance de aproximadamente um 6º grau esse trecho vertical final. Logo após isso, chegou finalmente ao cume. Via finalizada! No entanto, lá em cima a rocha era de qualidade ruim, então ele bateu somente 1 chapeleta Dupla. Futuramente teríamos que melhorar essa parada final. Eu iniciei esse trecho final escalando com corda de cima, onde tentei desviar o lance de 6º grau, para tentar facilitar o grau geral da via, para ser uma via longa e mais acessível a qualquer nível de escalador, e acabei quebrando uma laca e tomando uma queda direto no platô de mato abaixo (mesmo com corda de cima, a corda esticou e bati no platô). Chegando ao final da via contemplamos um belo visual do PP e comemoramos essa conquista, que era a  ideia principal do projeto. O sol estava se ponto e o vento estava nos esfriando, mas daquela chapa única não rolava rapelar. Olhamos para o final da rampa que tínhamos abandonado para terminar a via por essa linha vertical de agarras que subimos e então visualizamos uma possível linha de rapel, e até para futuramente terminar a via escalando por ela, então caminhamos até seu topo, onde batemos uma parada Dupla e fizemos um rapel de 20m, batendo 1 chapa no meio, transformando assim essa linha de rapel no último esticão da via de escalada propriamente dita, deixando a linha vertical com agarras como uma via variante (que batizamos de “Variante da Conquista”). Após aquele rapel inicial de +-20m, um pouco acima do trecho de mato que havíamos desviado à esquerda para alcançar o Arestão, batemos mais 1 parada Dupla e fizemos mais um rapel curto de uns 12mts até a encontrar a parada anterior que havíamos chego escalando. Portanto, a via “Dez Anos Depois”, a “Super Rampa”, teve seu final finalizado pela linha de rampa que usamos nos 2 rapéis curtos iniciais naquele dia e não pela linha vertical que conquistamos naquele dia. Rapelamos todo o resto e chegamos a base da via com o sol já escondido. Subimos até o platô da Soneca, já no escuro, onde organizamos os equipos no barril e de lá saímos as 20:30. Chegamos ao cume do Tucum as 21hs, com uma bela Lua e um Mar de Nuvens espetacular (nuvens estas que no dia seguinte trouxeram chuva para Curitiba e Serra do Mar). Descemos felizes comemorando o objetivo principal do projeto e chegamos em casa perto da 1 da manhã, quebrados de cansaço. A via totalizou 305m, com 12 esticões curtos de no máximo 30m (podendo ser feita em 7 esticões mais longos pulando as paradas intermediárias instaladas a +-30m de cada parada principal). A via pode ser rapelada com somente 1 corda de 60m, mas neste caso serão 12 rapeis de +-30m. Ou se escalar com 2 cordas de 60m, sugerimos rapelar os 3 primeiros rapeis com 1 corda somente parando em cada parada dupla a cada +-30m, fazer a transversal de mato (caminhando encordoado) até a P4 (nos blocos) e fazer mais 1 rapel curto com 1 corda até a parada intermediária imediatamente abaixo (que já fica na parte superior da Super Rampa, livre da região de matos), e então, desse ponto, já na grande rampa mais 3 rapéis de 60m com corda dupla, e mais 1 de 30m até a base (sugestão). A via foi batizada de “Dez Anos Depois” (ou Super Rampa), já que no ano de 2008 havíamos feito uma investida com abertura de uma trilha para tentar escalar essa rota, sem êxito, e retornamos para a região exatamente 10 anos depois, com a conclusão da conquista (2008 – 2018). 

 

11ª investida – dia 17/11/2018 (Sábado)

Dia seguinte, a previsão continuava boa, então realizamos uma nova investida, mas desta vez sem o Canidia, que não pode nos acompanhar. Era o segundo dia consecutivo. Saímos tarde de Curitiba, pelo cansaço do dia anterior. Queríamos finalizar a Super Rampa nesse dia e chegamos a base da rampa às 13hs (tarde!). Preparando o equipamento, coloquei a bateria na furadeira e quando fui testar perguntei para o meu irmão: “Cadê a broca?”. Havia ficado no Platô da Soneca, 20min acima. Voltei correndo e perdemos quase 40 minutos nisso. Escalamos os esticões existentes e ainda estávamos em dúvida se iriamos para a direita e finalizar a via pela linha de rocha uns 30mts acima do próximo trecho de mato (após a atual parada intermediária antes da P4, que deve ser usada no rapel de 60m na Super Rampa), mas podendo interferir nas citadas conquistas do Dubois e Taylor/Homer/Tico. Preferi ir pela rampa que havia chegado ontem (mais a esquerda paralela ao Arestão). Na primeira Pingo que havia batido no dia anterior, antes de encostar no Arestão, decidimos subir por essa rampa para finalizar por uma linha vertical de agarras que visualizei no final do Arestão. Bati mais uma Pingo nesse local fazendo 1 parada dupla e escalei uns 30m batendo 3 chapas intermediárias e 1 parada dupla com 1 Pingo e 1 Dupla. Adiante entrava em um trecho de mato em direção diagonal a esquerda, onde meu irmão guiou e chegou até a linha por onde imaginamos finalizar a Super Rampa. Bateu uma chapa na base, e iniciou o lance, um pouco estranho, e um pouco acima, bateu mais uma Pingo, ficando um lance de aproximadamente um 6º grau ou mais, meio estranho na entrada dessa parte vertical. Logo após isso, chegou finalmente no cume. Via finalizada! No entanto, lá em cima a rocha estava muito estranha, ele bateu somente 1 chapeleta Dupla, o resto das rochas estava ruim. Futuramente teríamos que melhorar essa parada final. Fui até ele, onde tentei desviar o lance de 6º grau, para tentar facilitar o grau geral da via, para ser uma via longa e mais acessível a qualquer nível de escalador, e acabei quebrando uma laca e tomando uma queda direto no platô de mato abaixo. Chegando ao final da via, concluindo que seria um crux de 6º sup talvez, contemplando um belo visual do PP. O vento estava nos esfriando e o sol se ponto, mas daquela chapa única não rolava descer. Olhamos para o final da rampa que tínhamos abandonado para terminar a via pela linha vertical de agarras e visualizamos uma possível linha de rapel e até para futuramente terminar a via escalando por ela e caminhamos até o topo dela, onde batemos uma parada Dupla e fizemos um rapel de 20m, batendo 1 chapa no meio, transformando assim essa linha de rapel no último esticão da via de escalada propriamente dita, deixando a linha vertical com agarras como uma via variante (mais tarde batizada de “Variante da Conquista”). Após o rapel de 20m, batemos um pouco acima do trecho de mato que havíamos escalado e desviado à esquerda para alcançar o Arestão mais 1 parada Dupla e fizemos 1 rapel de uns 12mts até a parada anterior que havíamos chego escalando e desviado a esquerda para a finalização pela “Variante da Conquista” Portanto, a via “Dez Anos Depois”, a Super Rampa, ficou como sendo finalizada pela linha de rampa que usamos nos 2 rapéis curtos iniciais naquele dia e não pela linha vertical que conquistamos escalando naquele dia. Rapelamos e chegamos com o sol já escondido a base da via. Subimos até o platô da Soneca, já no escuro, onde organizamos os equipos no barril e de lá saímos as 20:30. Chegamos ao cume do Tucum as 21hs, com uma bela Lua e um Mar de Nuvens espetacular (nuvens estas que no dia seguinte trouxeram chuva para Curitiba e Serra do Mar). Descemos felizes e chegamos em casa perto da 1 da manhã, quebrados de cansaço. A via totalizou 305m, com 12 esticões de no máximo 30m (podendo ser feita em 7 esticões de +-60m). Pode ser rapelada com somente 1 corda de 60m, mas neste caso serão 12 rapeis de +-30m. Ou com 2 cordas de 60m, sugerimos rapelar os 3 primeiros rapeis com 1 corda parando a cada estação dupla a cada +-30, fazer a transversal de mato até a P4 fazer mais 1 rapel curto com 1 corda até a parda intermediária imediatamente abaixo (que fica na parte superior da Super Rampa, antes de entrar na região dos matos), e então mais 3 rapéis de 60m, e mais 1 de 30m (sugestão). A via foi batizada de “Dez Anos Depois” (ou Super Rampa), já que no ano de 2008 havíamos feito uma investida com abertura de uma trilha para tentar escalar essa rota, sem êxito, e retornamos para a região exatamente 10 anos depois, com a conclusão da conquista (2008 – 2018).

 

12ª investida – dia 09/12/2018 (Domingo)

Já era quase verão, muito após o encerramento da chamada “temporada de escalada”. Após quase 2 meses de chuvas nos nossos dias livres, uma brecha no clima permitiu mais uma investida. Nesse dia eu, Cover e Canidia fomos direto para o “Setor das Meninas”, onde iniciamos a conquista de um primeiro esticão curto de 28m, da via “Lili Pampa”, a primeira da esquerda deste setor, em homenagem a filha do Cover, que na data da conquista tinha 4 anos. Conquistamos também um primeiro esticão com 30m da via mais da direita do setor, a via “Lolô”, em homenagem a minha futura filha Lorena que nasceria em Abril de 2019. Entre essas 2 linhas, com o restante das baterias, batemos a primeira chapeleta que futuramente seria a via “Morgana”, que é o nome da filha do Canidia. Motivos estes que o setor ficou nomeado como “das Meninas”. Deixamos a finalização destas para outra oportunidade e com a sobra de baterias e o tempo perfeito, com muitas flores espalhadas pelas paredes, tornando um visual muito belo nas paredes, iniciamos a conquista da via “Arestona”, que futuramente seria uma das maiores e mais belas vias do Tucum, conquistando 1 primeiro esticão de 32m (podendo rapelar com uma corda de 60m somente e chegando tranquilamente a base considerando a elasticidade da corda e a suavidade da inclinação da parede). 

 

13ª investida – dia 09/01/2019 (Quarta-feira)

Exatamente 1 mês após a investida anterior, passadas as festividades de fim de ano, conseguimos uma folga durante a semana e uma “outra folga” de São Pedro, no calor infernal do já iniciado verão, e com pouca probabilidade de chuva, então fomos mais uma vez, mas desta vez sem o Canidia, com o objetivo de finalizar algumas das vias iniciadas no “Setor das Meninas”. O dia estava incrivelmente limpo, mas com muito calor, butucas e pernilongos. Escalamos o primeiro esticão da via “Lili Pampa”, e meu irmão, o papai da Lili (Livia), continuou a conquista dos dois próximos esticões, que deram respectivamente 26 e 28 metros, totalizando 83 metros de via, em um grau geral de 4º grau com alguns crux de 5º. Com o sol a pino e uma incrível visão muito nítida para o Pico Paraná, resolvemos continuar a conquista da outra via iniciada na vez anterior, a Lolô. Escalamos o primeiro esticão, e eu (papai da futura Lorena, a Lolô) entrei conquistando a sequência, com mais 2 esticões, de exatos 30m cada, sendo a via um 5º grau com alguns crux de 5º sup. Concluímos nesse belo e sofrido dia 2 vias em um total de 114m no dia. 

 

14ª investida – dia 27/01/2019 (Domingo)

Logo após a investida anterior eu e o Canidia viajamos ao Uruguai para fazer uma cicloviagem pela região oeste daquele país, retornando ao Brasil dia 22, e no fim de semana seguinte combinamos mais uma investida, mesmo com a previsão de tempo ruim. Muito vento nos cumes, mas ao chegar ao Plato da Soneca o vento parou, mas somente o Tucum estava sem nuvens, todas as demais montanhas estavam fechadas e com nuvens escuras, e visualizávamos algumas chuvas ao redor. A ideia inicial era entrar na via Portal de Entrada para tentar concluí-la, a primeira via iniciada do projeto, em agosto passado, mas com a chuva da noite anterior o primeiro esticão dela estava encharcado. Decidimos ir para as vias do Setor “Vista para o PP”, que secam mais rápido. Escalamos o primeiro esticão da via “No Crux sem Bateria”, a última da direita desse setor, que teve a conquista iniciada em Set/2018. Logo após a parada bati uma Pingo para reduzir o risco de Fator 2 ao sair da parada, e foram mais 2 Pingo até o final dessa parede, onde a rocha estava quase por completa oca e ruim. A parada foi batida em um bloco de pedra em um ponto que a rocha estava boa, um dos únicos pontos, mas ela ficou meio escondida atrás de uma bela arvorezinha. Esse último esticão totalizou 25m, com mais 30 do primeiro, finalizando a Via “No Crux sem Bateria”, no total de 55m, com um crux de 6º sup aproximado. Quando finalizei a instalação dessa parada vi uma grande chuva que estava caindo no Posto Tio Doca, e o Caratuva estava engolido por nuvens negras, e logo pingos esparsos começaram a cair. Rapelamos rápido e guardamos o material no barril. Com as diversas chuvas nos rodeando, decidimos voltar, mas infelizmente erramos na decisão, poderíamos ter continuado alguma conquista, e no Tucum não choveu, no entanto nas montanhas ao redor havia muita chuva. 

 

15ª investida – dia 10/02/2019 (Domingo)

A previsão de tempo era excelente, tirando o calor e as butucas, eu e o Canidia zarpamos mais uma vez, com o intuito de terminar a via Portal de Entrada, primeira via do nosso projeto iniciada em Agosto anterior. Desta vez a via estava seca, então escalamos os 2 primeiros esticões de 25 e 28m respectivamente, e chegamos a P2 onde a parede ficou quase vertical e paramos na 1ª vez. Não sei se foi o calor, mas a via estava mais difícil nesta vez (risos). A conquista foi lenta pela dificuldade do trecho, e após a 2ª chapa, já no 3º esticão da via, quase nenhuma agarra, mas era possível. Decidi bater 2 chapas e fazer um A0 (escalada artificial usando essas 2 chapeletas), e mais uma acima, ficando esse trecho da 3ª chapa com um lance de um 7º grau baixo, retornei com corda de cima, mas não consegui mandar em livre (encadenar) o trecho do A0 (o que posteriormente repeti e graduamos em 7c ou A0 esse trecho, ainda a validar). O referido esticão deu 30m exatos. Chegamos quase ao final da parede, continuei mais um esticão cruzando uns trechos de mato, e cheguei a rampa final em direção ao cume, ficando em um 4º grau esse 4º esticão, com 28m. Da P4 era uma rampa super fácil até quase o cume, então não foi batida nenhuma chapa intermediária, ficando a P5 e última a 23m da P4, em um trecho de 3º grau. Desse ponto pode-se sair caminhando em direção ao cume. A rocha estava bem ruim nessa região, principalmente em um bloco de pedra que seria o ideal para bater essa última parada, mas preferi bater no chão onde a rocha estava melhor. Rapelamos e na descida troquei uma Pingo por uma Dupla na P2 que tinha colocado na 1ª investida em Agosto, pois como é uma parada na vertical, fica mais cômodo para passar a corda em 2 chapeletas Bonier Duplas para o rapel do que sendo uma delas do tipo Pingo. Durante toda escalada tivemos um visual alucinante para o PP e baixamos até o platô da Soneca, onde arrumamos os equipamentos no barril e iniciamos a descida, com um merecido banho na “nova” piscina do riozinho perto da fazenda da Bolinha, aberta pela grande cabeça d´água do dia 16/12/2018, que mudou radicalmente os riachos do início da trilha Tucum/Ciririca, 15min acima da fazenda. 

 

16ª investida – dia 24/02/2019 (Domingo)

Previsão de tempo bom, com leve chuva a tarde. Eu e meu irmão saímos de Curitiba no horário de sempre (5:30). Muito vento durante a subida e nuvens escuras sobre o conjunto Ibitiraquire, mas todas as demais serras limpas. Decidimos retomar a conquista iniciada em meados de dezembro, nas “Super Rampas”, que tínhamos pré nomeada de “Arestão“, e já tínhamos um esticão de 30m concluído. Escalamos esse esticão e começamos a conquistar os demais, sendo que nos próximos 4 esticões havia alguns trechos com mato na parede que tínhamos que desviar, deixando a linha da via um pouco sinuosa, e em 2 pontos, tivemos que cruzar curtos trechos em mato (um de uns 2 metros e outro de uns 3 metros). Já no 5º esticão alcançamos o que nomeamos de “Miolo do Tucum”, uma bela parede limpa e bem grande, na qual tínhamos um outro projeto (que futuramente se tornou a via “Idade Gestacional”). Nesse trecho foram 2 esticões até chegar a um platô, onde as 2 baterias da furadeira esgotaram. Ao todo foram aproximadamente 180m de conquista nesse dia, em média de 4º grau, com passagens de 4º sup, em 6 esticões de +-30m. Nesse platô batemos uma chapa que seria o início do próximo esticão, e desse ponto se inicia o “Arestão” propriamente dito (um enorme bloco de rocha que é similar ao “Lagartão” da via Mar de Caratuvas no Ibitirati). Rapelamos, mortos de fome, e como uma forte chuva parecia se aproximar, somente guardamos os equipos nas mochilas e subimos até o Platô da Soneca onde estava o barril, e conseguimos guardar o equipamento antes de chover, mas o que acabou não ocorrendo. Ao chegar novamente no cume do Tucum fomos presenteados com um dos mais incríveis pores do sol que já vimos. Foi incrível esse dia. Chegamos em casa as 22hs exaustos, mas felizes. Mais tarde, essa via conquistada teve o nome alterado de Arestão para Arestona.

 

17ª investida – dia 10/03/2019 (Domingo)

Essa investida, após sua conclusão, foi denominada “Operação 13 horas de garoa”. Eu e meu irmão resolvemos encarar a previsão climática ruim para aquele domingo, já que no sábado não pudemos ir, pois, caso não rolasse continuar as conquistas das escaladas, tínhamos o objetivo de fixar algumas cordas para acesso aos setores de baixo, para evitar a abertura de futuras erosões e alargamento na trilha. Passamos o dia “ensopados”, mas conseguimos instalar todas as cordas fixas restantes que gostaríamos, através da doação de 60 metros de cordas usadas pelo Ginásio Campo Base, na pessoa do amigo Willian Vieira (Will), e ainda trocamos e melhoramos a corda de acesso ao Platô da Soneca. No acesso ao “Setor Super Rampas”, após o “Setor das Meninas”, instalamos uma corda fixa tipo “varal” de uns 30m para cruzar um trecho das rampas que tem uma vegetação frágil, e quando molhadas, torna-se um trecho perigoso. Em investida anterior já tínhamos instalado 2 pedaços de corda, deixando esse trecho bem equipado e seguro, bem como, protegendo melhor a vegetação para evitar o alargamento da trilha ou abrir novos “rastros”. No acesso ao “Setor das Meninas”, a partir do “Setor Portal de Entrada”, instalamos 1 corda fixa de uns 5 metros em um bloco de pedra para descer um trecho ruim, mais abaixo outra corda de uns 3 metros para descer um degrau, e logo abaixo instalamos mais um sistema tipo “varal” com 3 chapas Pingo da Bonier para descer um trecho lateral e inclinado. 

 

18ª investida – dia 23/03/2019 (Sábado)

Ainda restavam aproximadamente 4 semanas para minha filha Lorena nascer (35ª semana de gestação), ainda considerado um período de não muita probabilidade para nascer, então decidi realizar 2 investidas em sequência para adiantar o término do projeto que já se prolongou mais que o previsto, considerando as chuvas constantes, e a partir de então, ficar em Curitiba caso a Lorena viesse a nascer antes do previsto, pois no setor não pega sinal de celular e até retornar para casa duraria horas, podendo perder o nascimento dela. Nesse sábado fomos eu e o Canidia com o objetivo de iniciar a via Morgana, a qual já tinha a primeira chapa batida. No entanto, até a sexta feira imediatamente anterior estava chovendo direto há 2 semanas. Estava tudo encharcado, e como o “Setor das Meninas”, onde se localiza a via Morgana, tinha mais trechos com mato, decidimos terminar uma via do setor de cima (Vista para o PP) que aparentemente já estava seco, por não haver trechos de mato na parede. A ideia deu certo e finalizamos a via que totalizou 84m em 3 enfiadas de 30, 30 e 24m respectivamente, podendo ser feita em 2 esticões (dica: fazer o 1º esticão em 30m, e depois o 2º e 3º emendados). Esta via tem a última parada unificada com a parada da Via “Portal de Entrada”, que logo acima pode-se sair para o Cume após um trecho de caminhada pelos campos íngremes. Essa via era para ser nomeada como “A costura sacou”, ou algo similar, haja vista o já relatado em sua primeira parte da conquista, mas após esse tempo pensamos em algo diferente, recordando os idos da década de 90, quando a lenda do tal “Chupa Cabra” atacava fazendas da região, matando gados e outros animais. Com isso, a via acabou ganhando um “detalhe” que foi instalado nela, que só indo lá e a escalando para entender (não vamos contar aqui). Como ainda tínhamos algum tempo e bateria, e eu tinha um projeto que era escalar uma fenda imediatamente a esquerda da via “No Crux sem Bateria”, já finalizada, e tinha eu interesse em conquistá-la em móvel e depois algumas proteções fixas, pois já tinha analisado a linha. Me preparei e entrei nela, mas a fenda era aberta em formato de “V” ao longo de toda a sua extensão, o que me fez desistir da ideia. Talvez com friends off-set rolasse, mas não tinha no momento. Fica a dica. Após a “frustração” me deu um branco sobre a via do lado, a “No Crux sem Bateria”, achando que tinha deixado alguma pendência na grampeação ao final dela, então decidimos entrar nela para ver. Guiei os seus 2 esticões que havíamos concluído 2 semanas antes e chegando a 2ª parada constatei que não havia problema, mas  recordei que eu tinha pensado na época em continuar ela mais acima para cima, pois acabamos deixando ela somente com 2 esticões. Caso queira sair pelo Cume, da 2ª parada desta via, pode-se cruzar uma canaleta de mato a esquerda e acessar a parede ao lado que tem 1 parada dupla da via “O Retorno do Chupa Cabra” e fazer mais 1 enfiada curta de 24m daquela via até a última parada e depois cume! 

 

19ª investida – dia 24/03/2019 (Domingo)

Cansado da investida do dia anterior, mas com foco no término do projeto, e minha impossibilidade de continuar as investidas nas próximas semanas, para aquele domingo angariamos um novo integrante para o projeto, o companheiro Maicon Kaeber, então zarpamos as 5:30 da manhã de Curitiba juntamente com meu irmão, o Cover. Objetivo: iniciar a bela parede central do Tucum, que se localiza no “miolo” do Tucum, nome dado ao setor onde fica tal parede. Trata-se de uma parede linda e lisa, de cor mais clara que as demais, a qual parecia ter um acesso mais complicado. Na prática não foi muito diferente! Para acessar esse “miolo” havia uma parede mais abaixo, a qual sua base iniciava-se um pouco acima e a direita do “Setor das Meninas”. Então decidimos que a rota de acesso a base das paredes do “Miolo do Tucum” seria passando aquele setor, e a partir das cordas fixas em sistema de “varal” que havíamos instalado para acessar o “Setor Super Rampas” iríamos subir. A encosta era íngreme e como estava molhada foi bem complicado, e tinham vários mini-caraguatás espinhentos. Nesse ponto futuramente foi instalada uma corda fixa a partir do sistema em “varal”. Tentamos identificar a melhor linha da escalada até a decisão. Iniciamos a conquista desse trecho inferior (parede isolada abaixo da fratura / teto que há na base do paredão do “Miolo do Tucum”). Ali foram 3 esticões de no máximo 30m cada até chegar a base dessa fratura, que lá debaixo visualizávamos a possibilidade de “virar” esse tetinho escalando, o que daria uma apimentada na via. Chegando a base dele, percebi um trecho mais curto daquele teto, na grande fratura abaixo do grande miolo, e instalei uma parada dupla abaixo desse trecho, achando que seria de fácil transposição naquele local. Sofremos um pouco até se adequar ao lance da virada, mas foi vencido e continuamos a conquista, já adentrando na parede do “miolo do Tucum”. Uma das baterias já tinha quase acabado, e a segunda e última acabou na metade do primeiro furo da parada desse esticão acima do tetinho. O parabolt foi batido pela metade, para poder rapelar da roubada, o qual futuramente foi trocado. Encerramos mais um dia no Tucum, para mim 2 em sequência, com outro incrível entardecer, chegando em casa por volta das 23hs, exaustos. Esta via foi batizada de “Idade Gestacional”, por coincidir com o período de uma gestação humana, pois quando cheguei a primeira vez ao setor, em julho de 2018, visualizei essa linda parede e a via já estava em mente, mas demorou até março de 2019, 8 meses para efetivamente entrar nela, e que foi concluída no próximo fim de semana, 30 de Março de 2019, fechando 8 meses e alguns dias desde a ideia inicial. 

 

20ª investida – dia 30/03/2019 (Sábado)

Na expectativa da “chegada” da Lorena a qualquer instante, a partir dessa investida eu ficaria somente na torcida e organização, então desta vez foram meu irmão e o Maicon, com o objetivo de finalizar a linda parede no “Miolo do Tucum”, a via iniciada no domingo anterior, nominada como “Idade Gestacional”. Saíram super cedo, 5 da manhã, com uma previsão de tempo bom, apesar de ter garoado a semana toda na serra. Escalaram a parte via que já havia sido conquistada, e o último parabolt instalado que tinha ficado pela metade foi trocado, e fizeram a parada dupla um pouco acima desse trecho, em um platô, ficando o 4º esticão com 33m. Para rapel, é possível rapelar com 1 corda de 60m (30m de rapel duplo) até uma parada dupla acima logo do tetinho, trocando a corda, e rapelando mais 5 metros até a parada inferior, assim, a P4 ficaria mais confortável no platô (acabou ficando uma parada dupla 5m acima da parada dupla na base do tetinho). Conquistaram o 5º e o 6º esticão, em diagonal para a esquerda, cruzando uma canaleta escavada na rocha pela água, encerrando a via com 6 esticões e alguns crux de 5º grau. Nesse dia retornaram super tarde, sendo que meu irmão deixou o Maicon em casa a meia noite e meu irmão chegou em sua casa a meia noite e meia. Agora restavam, a princípio, 4 vias para concluir o projeto: a Morgana, que tinha somente a primeira chapa; a Cartão Postal, que tinha 4 chapas e fomos interrompidos por uma garoa forte; o “Arestona“, que tem umas 3 ou 4 esticões para finalizar, que será a segunda maior via do setor, após da “Dez Anos Depois”, e a via do Tetinho, “Broca Incandescente”. Mas a cada investida mais linhas eram identificadas. 

 

21ª investida – dia 13/04/2019 (Sábado)

Lorena nasceu! A previsão era para o dia 19 de abril, na sexta-feira santa, dia também que comemora-se o Dia do Índio, e também do Exército Brasileiro. Mas a danada veio antes, dia 02 de abril. Lorena tinha 10 dias completos de vida. O despertador toca às 4 da manhã. Era a 21ª investida do projeto. Seria um dia incrível! Canidia não podia ir, pois machucou o dedo numa queda de moto, e meu irmão também podia. Maicon passa às 5 em ponto para me buscar. A previsão do tempo estava perfeita! Às 5:45 iniciamos a caminhada, com lanternas, ainda no escuro. Chegando aos campos um belo mar de nuvens na região da capital, e para o litoral tudo aberto. Todas as serranias aflorando! O sol já estava forte. Em pouco mais de 2 horas chegamos ao cume e descemos direto para o Platô da Soneca, pegamos os equipos do barril e descemos até o objetivo. Terminar a via “Arestona“, uma das maiores, que tínhamos iniciado em Dez/18. Maicon iniciou as guiadas, às 10hs da manhã, puxando 2 esticões de quase 60 metros, mais um curto de quase 30m onde tem uma transversal por um mato, e logo depois do platô da P3 puxou mais 60 metros, que deu na estica da corda, até a última parada que eu e meu irmão havíamos batido em Fev/19, totalizando pouco mais de 200m de via já conquistada. Eu subi jumareando toda a via com a mochila hiper pesada, com todo material de conquista, água e comida para o resto do dia na parede. A partir desse ponto, eu e meu irmão tínhamos batido mais uma chapa acima, em Fev/19, iniciando o próximo esticão, interrompidos naquele momento pelo fim da carga das baterias. Esse trecho era o início da aresta final, já no Setor “Arestão“. Saímos dessa parada e fomos até a próxima chapa que fica num platô bom, arrumamos os equipos e eu iniciei a conquista acima. Entrei na aresta do Arestão, um trecho bem inclinado, na borda da aresta, onde bati uma chapa, e logo acima entrei num lance mais difícil, puxei a furadeira e iniciei o próximo furo somente com um pé numa agarra mais ou menos, mas comecei o furo muito alto, não conseguia colocar pressão na furadeira para o furo continuar, e o pé começava a escorregar, tive que deixar a furadeira travada com a broca no furo pela metade para me ajeitar, estava quase caindo, fui respirando, Maicon apreensivo na parada abaixo, mas consegui no apuro terminar o furo, soprar e colocar a chapa. Temos que repetir esse trecho, mas imaginamos um 6sup, talvez 7a. Para mim esse trecho foi um dos mais incríveis das vias da região. Mais acima, no final do “tetinho“, onde tem a variante da via “Dez Anos Depois”, a via “Broca Incandescente”, uma via que ainda não tínhamos terminado, bati a parada com 30m esticados (parada também usada para a citada via). O próximo esticão foi muito legal, seguindo pela borda da aresta, com um vazadouro de uns 15/20m do Arestão, nada tão alto, mas com um visual incrível, e mais 30m acima bati a outra parada. O visual de cima dando segurança para o Maicon foi alucinante. Um visual único! Aquele vale ao fundo, as “Super Rampas”, um lugar especial. Neste ponto escutamos uma gritaria no cume da montanha ao lado (mais tarde, quando chegamos na fazenda, às 21horas, soubemos que uma turma tinha nos avistado bem na borda da aresta, ouvindo a furadeira) – ficaria uma foto alucinante conosco naquela aresta! Esse esticão também ficou uma “cereja do bolo”. A partir desta parada, a parede ficou menos inclinada, e estiquei 27 metros de uma escalaminhada até um ponto seguro, batendo a última parada dupla que seria o final da via, com 288 metros de uma linda escalada. Essa parada também será utilizada para quem fizer a outra variante da via “Dez Anos Depois”, a “Variante da Conquista”, a qual no dia que conquistamos não tínhamos finalizado com parada, pelas condições da rocha no final dela, à época, mas agora da última chapa dessa variante, na borda da aresta, deve esticar 10 metros até a última parada da via “Arestona“. Saída pelo cume ou rapel pela via “Arestona“. Comemorando mais uma linda via, a segunda maior de nossas conquistas nessa montanha, iniciamos os rapéis com corda dupla de 60m, concluindo com 5 rapéis de +- 60m cada. Voltamos ao barril, guardamos os equipos, e iniciamos o retorno já no lusco fusco. Chegando ao cume no escuro, repleto de barracas, fizemos um lanche, e seguimos descendo, passando por diversos grupos subindo a montanha à noite. Chegamos em casa às 22hs com mais uma etapa concluída. 

 

22ª investida – dia 27/04/2019 (Sábado)

Desta vez o quarteto se juntou, fomos eu, meu irmão (Cover), Canidia e Maicon. A previsão do tempo era de chuva a tarde. Fomos com o objetivo de concluir a via “Broca Incandescente” (variante da Dez Anos Depois). A logística foi outra. Eu e Canidia subimos na frente, mais leves e rápidos e fomos diretamente até nosso Barril, que estava no Platô da Soneca, enquanto meu irmão e Maicon, mais pesados subiram atrás. Deu tempo de chegarmos ao Barril, pegarmos todo material e subirmos novamente o Tucum com todo equipo e nos encontramos no topo das paredes, acima das Super Rampas. Rapelamos os 3 esticões finais da via “Dez Anos Depois” até chegarmos no grande platô da transversal de mato daquela via, onde inicia-se a variante “Broca Incandescente” (Via do Tetinho), a qual em uma investida anterior tinha acabado a bateria durante um furo, e de tão dura a rocha, a broca ficou avermelhada (motivo do nome da via). O tempo estava fechado, com uma névoa densa, que não atrapalhou a conquista. Após finalizar a conquista da “Broca Incandescente”, uma via/variante curta, que termina em uma parada da via “Arestona“, o Canidia veio de segundo, e depois Maicon guiou a nova via com meu irmão. Nos reunimos nessa parada e eles experimentaram também o esticão imediatamente abaixo, da via Arestona, que eu e Maicon havíamos terminado de conquistar na investida anterior, e como era um trecho muito legal da Arestona, e meu irmão não tinha participado dessa parte da conquista, quis experimentar. Escalamos ainda o próximo esticão da Arestona, muito lindo, que segue pela borda do “Arestão“, chegando na penúltima parada daquela via. Desse ponto rapelamos a borda do Arestão até o grande platô e durante o rapel eu observei uma nova linha, para ser outra variante da “Dez Anos depois”. Acabei resolvendo conquistar essa variante com a corda de cima, um trecho de uns 20 metros verticais, com um trecho anterior de rampa para acessar essa parede vertical. Durante o rapel, as cordas tinham ficado cruzadas na borda do arestão, e durante a conquista, chegou em um ponto que as cordas travaram e não recolhiam nem soltavam.  Eu estava no final da laca, e fiquei “travado” lá. Então eu fiquei uns 20 minutos pendurado esperando meu irmão e o Maicon escalarem o final da via “Dez Anos Depois”, rapelarem o último esticão da “Arestona” e chegarem a parada imediatamente acima de mim, onde a corda estava passada, e destorcerem a corda. Episódio pelo qual a via foi batizada de “Lacas do Socorro”. Ambas variantes são finalizadas pela via “Arestona“. Lembremos que a previsão era de chuva. Felizes pelas conquistas, iniciamos o rapel das Super Rampas, pela via “Dez Anos Depois”, pois iriamos voltar ao barril para guardar os equipos lá, e eram mais de 200 metros de rapel, até chegarmos a base daquela via. Já no início do rapel uma forte chuva nos pegou de surpresa, nos encharcando, e formando mini cachoeiras ao longo de toda Super Rampa. Chegamos a base delas com tudo encharcado. Teríamos que levar todo equipamento para casa para secar. Resolvemos não retornar pela rota normal, via Platô da Soneca, e depois subir o Tucum. Decidimos seguir em direção ao Camapuã, beirando a base das paredes, já que a base das Super Rampas é mais próxima ao valezinho Camapuã/Tucum, sentido inverso da minha primeira investida de reconhecimento da região que realizei em Agosto de 2018 com o Canidia. Passamos pela enorme avalanche na encosta norte do Tucum, que abriu em 16 de Dezembro de 2018, após 4 horas de chuvas torrenciais concentradas na região, que também ocasionaram avalanches em diversos outros pontos, inclusive no rio inicial da trilha do Tucum após a Fazenda da Bolinha, já mencionado anteriormente. 

 

23ª investida – dia 01/05/2019 (Quarta-feira)

Neste feriado do “Dia do Trabalhador” alguém tem que trabalhar, como diria o ditado. Eu e Canidia não pudemos ir, mas meu irmão e Maicon resolveram ir “trabalhar” e zarparam com o objetivo de abrir uma nova linha no Setor das Meninas. Conseguiram neste dia iniciar e finalizar a via “Soraiapampa“, a primeira da esquerda daquele setor, graduada em 5º VIIa, com 75 metros. Esta via não estava no escopo, mas acabou tornando-se uma bela via, com um início delicado e ao final uma virada de um mini tetinho muito legal. O nome da via meu irmão deu em homenagem a sua esposa, Soraia. Logo após guardarem os equipamentos no barril, com os quais tinham subido com tudo naquele dia, após o temporal que havia encharcado tudo na última investida, caiu uma chuva, mas por sorte todo equipamento já estava guardado no barril. Mais uma via no projeto. 

 

24ª investida – dia 05/05/2019 (Domingo)

Eu e Canídia tínhamos combinado de ir no sábado, juntamente com o amigo Silvio Calimã, o qual eu tinha convidado, mas acabamos não conseguindo ir e adiamos para o domingo, mas nesse dia o Canídia não pode ir. Meu irmão (Cover) e o Maicon não podiam nenhum dos dias. Nosso projeto estava chegando ao fim, faltando concluir 2 vias já iniciadas, a Morgana e a Cartão Postal. Silvio podia ir no domingo, então combinei com ele e saí de Curitiba às 5:15hs, pegando ele em seu rancho na Borda do Campo às 5:40. Caminhamos rápido e chegamos cedo ao Platô da Soneca, onde nos equipamos e escalamos as 4 chapas da via Cartão Postal, na qual eu finalizei o primeiro esticão com 30 metros exatos, batendo uma chapa após a segunda já batida inicialmente, já que o lance tinha ficado exposto, pois se caísse na próxima costura ia direto para o chão. Iniciei o próximo esticão, optando por ir para a direita por uma linha de rocha e mais ao final para esquerda, aproveitando as linhas com agarras. Quase no final da parede, logo após bater a segunda parada, bati mais uma chapa e logo cheguei ao grande platô onde há as paradas das vias “Portal de Entrada” mais a esquerda e mais a direta a parada da “O Retorno do Chupa Cabra”. Neste ponto eu passei costurando na parada da “Portal de Entrada” e esticando um trecho fácil, um 2º ou 3º grau até a última parada das vias citadas, sendo que esta última será uma parada conjunta dessas 3 vias. O tempo estava perfeito, rapelamos, comemos e comemoramos mais uma via finalizada, a 13º concluída de 14 inicialmente imaginadas para o projeto naquele momento, mas sempre uma nova linha era vista. Conseguimos chegar a Curitiba cedo, em relação as investidas anteriores, por volta das 19hs, pois eu tinha o jantar de aniversário da minha mãe naquele dia. 

 

25ª investida – dia 25/05/2019 (Sábado)

Meu irmão estava em viagem e convidei o amigo Josman De Marchi Alves para ir conosco, juntamente com o Canidia e Maicon. No início da trilha alcançamos o trio de dinossauros Eduardo Cabral, Capachão e Daniel Rodrigues, que estavam indo realizar a primeira repetição independente de algumas das nossas vias. A trilha estava com muita lama, haja vista 3 semanas de chuva direto. Chegamos ao setor com as paredes meio molhadas, e algumas nuvens, mas a previsão era boa e logo o sol apareceu. Eu e Maicon iniciamos a conquista do 1º esticão do nosso objetivo final, concluir a via Morgana, em homenagem a filha do Canidia. Foram 4 chapas além da primeira já batida anteriormente, até a parada dupla a 28m, sendo o início da via estimado em 7ª, bem delicado e ainda com muitos cristais soltando. Escalei e bati mais 2 chapas acima da parada, e então o Josman veio guiando o primeiro esticão e o Canidia na sequência. Canidia tomou a ponta da conquista e bateu a 3ª e última chapa do segundo esticão, chegando na 1ª parada da via Lolô, em um bom platô, na base do segundo e último esticão da Lolô, totalizando também 28m nesse segundo trecho da via Morgana, com um crux de 5º grau no inicio. A via termina nessa parada da via Lolô, e pode ser rapelada deste ponto ou emendada com o último esticão da Lolô. Escalamos esse último esticão, e enquanto isso, o Eduardo e Daniel estavam repetindo pela primeira vez a via “Idade Gestacional”, enquanto o Capachão tirava uma soneca na base das vias. Rapelamos e o trio de dinossauros foi para a via “Dez Anos Depois” fazer também a primeira repetição e sair pelo cume. Enquanto isso, o Maicon que tinha vindo independente com seu carro, pois tinha que voltar mais cedo para casa iniciou seu retorno, então eu, Canidia e Josman fixamos mais 2 cordas para acesso a via “Idade Gestacional”, em 2 furos que meu irmão já havia feito em uma investida anterior. Após isso fomos até a base da “Dez Anos Depois” onde eu troquei uma Pingo da primeira parada dela que estava girando. Quase fim do dia, ainda tínhamos uma pendência, que era trocar uma Pingo que ficou com o bolt pela metade no último esticão da via “Soraiapampa”, aberta pelo meu irmão e Maicon. Eu e Josman escalamos ela, e no rapel troquei essa pingo, e ainda, após a primeira chapa do segundo esticão havia um lance delicado e bem esticado, onde eu coloquei mais uma chapa reduzindo a exposição (entre a 1ª chapa e a 2ª originais) e também coloquei mais uma chapa entre a 4º e 5º originais do primeiro esticão, reduzindo a exposição, ambos em lances delicados, que se caísse guiando, poderia se machucar, até porque eu guiei e passei um veneno pela exposição sem estas novas chapas. 

 

26ª investida – dia 30/06/2019 (Domingo)

Desta vez “contratamos” mais um camarada amigo “das antigas”, o Senhor Anderson Bulgacov, vulgo “Camarão”. O Plano era a conquista de uma variante da via “Dez Anos Depois”, que não estava nos planos iniciais, e tentar chegar ao topo de uma pedra, que pode ser avistada da região dos campos do Cume do Tucum, que tem um formato esquisito, muito pontiaguda, a qual denominamos de “Agulha do Tucum”, ou simplesmente de “Pirocão“. O dia estava perfeito, mas com ventos muito fortes. Nesse dia uma galera estava escalando nas vias da região. Acessamos a parte superior das paredes para analisar melhor de cima a Agulha, que era o objetivo. Descemos até a base das vias e iniciamos a escalada da via “Dez Anos Depois” em velocidade rápida, concedendo a guiada de todo esse trecho ao nosso convidado (Camarão). Chegamos a parada intermediária após a P3 da citada via, e subimos até a primeira chapeleta acima, onde tem um razoável platô, onde nos reunimos. Desta chapa eu iniciei a escalada por um trecho de mato até um bloco imediatamente acima, a uns 20 metros, onde instalei uma parada dupla. Deste ponto meu irmão contornou esse bloco pela direita por um trecho de mato até chegar a base de uma outra parede, parecida com o Setor Capitais do Anhangava, que fica imediatamente abaixo do “Pirocão“. A partir deste trecho eu guiei a conquista em lances que deram 5º grau, chegando a região onde iria instalar uma parada dupla, antes do outro trecho de mato para alcançar o objetivo, mas as baterias da furadeira acabaram, instalando somente 1 chapeleta. Meu irmão veio de segundo continuou pelo mato até chegar a base do “Pirocão“, onde tem uma mini caverninha. Camarão veio na sequência e nos reunimos na caverninha onde fizemos um lance exposto para chegar ao platô na base do “Pirocão“. Como não tínhamos mais bateria ficamos tristes pois achamos que naquele dia não conquistaríamos a “Agulha Tucum”, vulgo “Pirocão“. O “Pirocão” forma uma chaminé com a parede lateral, e com isso, meu irmão escalou uns 5 metros em chaminé, até chegar quase ao final, onde as paredes se afastam, não sendo mais possível escalar com a técnica de chaminé, e como havia muito líquen e cristais soltando ele desescalou. Eu tentei e achei melhor não ir mais acima pela técnica de tesoura, pois não sabíamos como faríamos a virada para chegar ao topo da Agulha, e cair de onde estava não seria bom. Ficamos pensando na base da Agulha até meu irmão ter uma ideia que não foi bem aceita inicialmente. Ele iria tentar “laçar” a Agulha. Ventava muito. Na primeira tentativa, ele enrolou um tanto de corda e jogou contra o vento… e não é que na primeira tentativa deu certo. A ponta da corda foi mais acima do que a altura da agulha, há uns 6 a 7 metros do chão, e o vento empurrou ela e fez a ponta cair por trás da Agulha, pelo outro lado dela, onde pudemos alcançar somente a pontinha da corda e puxá-la. Com a agulha laçada, mas com um certo atrito com a corda “roçando” por cima da Agulha, conseguimos fazer uma espécie de “top roupe” (corda de cima) e escalar a chaminé seguramente até quase o final dela, de lá mais uns metros com a técnica de tesoura, e ao final, tinha um agarrão onde meu irmão conseguiu fazer a virada e chegar ao “cume” da “Agulha do Tucum”, o “Pirocão“. Nada mais junto em o nome da via ser batizada como “A Laçada do Pirocão“. Eu ainda consegui descer um pouco até a caverninha e me embrenhar pelo mato até sair na região do cume, e ir pelos campos em direção ao final da via “Dez Anos depois”, de onde fiz algumas fotos do meu irmão em cima da Agulha, pois ficou um visual incrível com ele em cima daquela ponta. Retornei ao platô e todos desescalarmos aquele trecho exposto até a caverninha, e retornamos pelo mato até o final do trecho das “Capitais”, onde havia 1 chapa. Rapelamos esse trecho curto e após o trecho de mato mais abaixo, rapelamos o restante da via “Dez Anos depois”, sendo presenteados com um espetacular entardecer. A conclusão da via, com a instalação das chapeletas necessárias ficaram para uma próxima investida. 

 

27ª investida – dia 17/08/2019 (Sábado)

Mais de 1 mês se passou, nem meu irmão, nem o Canídia e nem o Camarão podiam ir, então combinei com o Maicon Kaéber de retornar para finalizarmos a grampeação da via “A Laçada do Pirocão“. O Raphael Bento e a Natália estavam indo para escalar no Tucum naquele dia, então os convidei para após escalarem uma via do Setor das Meninas, virem na sequência e fazerem a primeira repetição da nossa nova via. Eu e Maicon escalamos o início da “Dez Anos Depois” e chegamos ao bloco já na primeira parada da nova via, local onde na investida anterior havíamos desviado pela direita, caminhando um trecho pelo mato. A esquerda desse bloco há um outro bloco um pouco acima, com uma laca muito diferente, então eu entrei nesse trecho e fizemos a rota por ali, colocando mais um trecho de rocha na via, evitando deixar a rota com muitos trechos de mato, onde ficou um lance muito legal para galgar esta laca. Na região da parede acima, aquelas parecidas com as “Capitais do Anhangava“, instalamos mais 1 chapa na parada superior, aonde na última vez tinha acabado a bateria. No trecho mais acima, após a caverninha, naquela virada exposta, instalamos uma chapa e mais uma Pingo no platô, na base do “Pirocão“. Enquanto isso o Rapha e a Nati vinham na sequência. Eu entrei no trecho da chaminé, onde bati 2 Pingo e fiz a virada até o topo do Pirocão, onde instalei uma parada dupla. Agora iniciava uma outra parte do projeto, como sair do topo da agulha para fazer uma saída da via pelo cume. Do agarrão para chegar ao topo da Agulha, consegui abrir a perna e encostar na outra parede, de um grande bloco, onde bati 1 chapa e consegui fazer um lance para cima até chegar em uma outra agarra boa, e aí chegar ao topo desse blocão, onde fui instalar 1 parada dupla, mas estranhamente as baterias da furadeira tinham acabado muito rápido, com poucos furos feitos. Novamente ficou somente 1 chapeleta nessa parada, mas ainda, desse bloco para sair para o cume, havia uma grande fenda que o separa da região do cume, e a conclusão da via ficou mais uma vez adiada. Rapha e Nati chegaram também ao topo do “Pirocão” e todos rapelamos a via, que é um pouco chatinha para rapelar. O melhor é sair pelo cume, com a linha que foi futuramente instalada. 

 

28ª investida – dia 29/09/2019 (Domingo)

Novamente mais de 1 mês passava e finalmente voltamos para finalizar o “Projeto Tucum 20 anos”. Desta vez formamos quase um pelotão para a empreitada, lógico, que dessa vez não queríamos ir somente para “trabalhar”, queríamos ir escalar e curtir, pois o que faltava era só um ajuste no final da via “A Laçada do Pirocão“. Nesta vez fomos eu, meu irmão “Cover” e Juliano Santos, fechando uma cordada, mais o Silvio e o Daros que seriam uma outra dupla independente de escalada, mais Canidia que desta vez foi só para dar uma caminhada e esticou até o Cerro Verde. Pelo cume acessamos a região onde seria o final da via “A Laçada do Pirocão“, que teríamos que fazer um esquema para vencer a grande fenda entre o bloco final da via e a região do cume. Eu bati uma parada em um bloco na região voltada para o lado do cume e desci com corda para um bloco mais abaixo onde bati uma chapa nele e com uma abertura de perna, sobre o ponto em que há uma fenda, consegui alcançar o grande bloco isolado, onde havíamos iniciado a instalação de uma parada dupla e acabou a bateria na investida anterior. Bati mais uma chapa nesse trecho, para quem estivesse vindo escalando proteger antes da transposição da fenda, e após isso dupliquei a parada em cima do grande bloco isolado. Foi um ajuste rápido, e a via “A Laçada do Pirocão” estava pronta. Retornei a região do cume onde todos os demais estavam lanchando. Iniciamos a descida para os setores de escalada pela trilha normal de acesso. Chegando aos setores, o Cechinel, Felipe Batista e Richard Santos estavam repetindo a bela e exigente via “Portal de Entrada”. Eu, meu irmão e o Juliano entramos na “Portal de Entrada”. No meio dela cruzamos com a turma já rapelando. Aproveitei para trocar de posição a primeira chapa do 3º esticão para melhor posicionamento da guiada. Terminamos a via que o Juliano escalou com mochila, pois teria que retornar cedo para a cidade e já saiu pelo cume. Eu e meu irmão rapelamos, enquanto isso o Silvio e Daros escalaram no “Setor das Meninas”. Eu e meu irmão escalamos também a Lilipampa, onde colocamos mais 1 chapa em um trecho que não seria legal uma queda, trecho fácil, mas para ficar mais protegida. Após isso, repetimos a bela “Idade Gestacional”, que galga as paredes do “miolo do Tucum”. Mais um belo entardecer e pôr do sol vistos do cume do Camapuã e assim encerramos 28 investidas, em um período de 1 ano e 2 meses, concluindo o “Projeto Tucum 20 Anos”. 

 

Quantidade de participações nas 28 investidas:

Tavinho 25x; Cover 16x; Canidia 12x; Maicon 7x; Silvio 2x; Josman, Camarão, Juliano e Daros 1x.

 

PROJETO TUCUM 20 ANOS

Assim concluímos o nosso projeto, com 15 vias de escalada por nós conquistadas, as quais estão equipadas com proteções fixas – Chapeletas BONIER em aço INOX, inclusive os chumbadores, e foram conquistas “de baixo”, exceto a variante “Lacas do Socorro”, totalizando 1.672m. Todas estas 15 vias podem ser escaladas com somente 1 corda de 60m e para rapel estão equipadas com paradas duplas a no máximo 30 metros.

Atualmente  o Tucum possui 18 vias de escalada em rocha, de 4º ao 7º grau, sendo 14 vias com tamanhos que variam entre 55 a 366m, e 4 variantes entre 28 a 134m, totalizando 2.225m de escaladas (metragem SEM considerar a via escalada em sólo “Sonata ao Luar”, conquistada pelo Dubois, registrada no Guia de Escaladas do Tucum. Para as vias que não fazem parte de nosso projeto, ver nos croquis os detalhes quanto ao tamanho da corda e possibilidade ou não de rapel e outros detalhes.

Todas as vias do setor proporcionam um belo visual para o PICO PARANÁ e estão encravadas em um lindo vale entre os Picos Tucum e Itapiroca!

 

Agradecimentos:

À minha amada esposa, Fernanda Olavo, pela paciência e compreensão em minhas ausências, especialmente durante a gravidez e após o nascimento da nossa filha Lolô, nome de uma das vias do “Setor das Meninas”.

Ao meu irmão Giancarlo Castanharo (Cover) pela parceria desde crianças pelas montanhas, quando iniciamos no Montanhismo em 1989 levados pelo nosso pai José Altair Castanharo, o qual foi junto comigo mentor do “Projeto Tucum 20 anos” e participou de diversas investidas para as conquistas.

Ao parceiro Ednilson Feola (Canidia) pela parceria na grande maioria das investidas, desde o primeiro reconhecimento aos setores, abertura da trilha e conquista de diversas vias.

Ao escalador Maicon Kaeber, que participou de algumas conquistas já ao final do projeto, e também aos escaladores Silvio Calimã, Anderson Bulgacov (Camarão) e Josman De Marchi Alves pela parceria nas conquistas de algumas vias.

 

Guia de Escalada em Rocha – Pico Tucum – 1ª Edição/2019 (clique aqui para acessá-lo).

 

Junho de 2020.

Texto: Gustavo Castanharo “Tavinho”

One Response to Histórico das Conquistas das Vias de Escalada no Pico TUCUM (Serra do Ibitiraquire/PR)

  1. […] rolou em cada via conquistada, é um pouco diferente do publicado neste site no dia 27/06, com nome Histórico das Conquistas das Vias de Escalada no Pico TUCUM,  que relata cronologicamente (dia a dia) as conquistas das Vias do […]

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