Por Bruno A. Severian
Segue o relato do ocorrido – gostaríamos que todos refletissem sobre a situação, e se puderem ajudar ou aconselhar de alguma forma, sejamos construtivos para resolver o problema. Agradecemos em especial a loja TERRITÓRIO pelo apoio a estas conquistas.
No último feriado, aconteceu algo deveras desgostoso para com um local com muito potencial em escaladas, senão o futuro campo escola/quintal dos escaladores da região de São Carlos/SP. Fomos eu e Gengiva ao tal local, nos instalarmos por 3 dias e 2 noites terminando algumas conquistas e arrumando o lugar para “abrir as portas” à comunidade escaladora. Desde as primeiras incursões ao local, vínhamos procurando os proprietários daquelas terras para uma conversa franca para expor quem éramos e o que pretendíamos em sua propriedade.
Como eles nunca se encontram presentes, sempre tratávamos com o pessoal muito gente boa que mora no local, (que poderiam ser os primeiros a não gostar de nossa presença) e eles nos diziam que podíamos sim ir fazer o que fazíamos ali, sem problemas. O ideal era falar com o proprietário, mas isso não nos impediu de adiantar o trampo todo. Então começamos as primeiras trilhas, e conquistas, e extermínio de abelhas, e etc, etc.
Na semana passada, o pessoal de lá nos avisou que alguns proprietários, (eles são mais de um só) passariam o feriado ali, e então poderíamos ter a nossa tão aguardada conversa. No primeiro dia, não conseguimos falar com eles, pois estavam dormindo. Mas conseguimos um “agendamento” no dia seguinte, no fim de tarde. A tal reunião com o proprietário não aconteceu “formalmente”: Quando íamos ao compromisso marcado, cruzamos com um deles, que não fora interado da novela toda, e veio logo com um sermão sobre termos acampado lá e se “divertido” no quintal de sua propriedade, e que éramos folgados e que mais pessoas viriam e mais vieram, etc. Pediu para que nos retirássemos de imediato. Decidimos desmontar acampamento e tentar nos retratar, mas a pessoa foi irredutível.
Todos os outros proprietários estavam cientes de nossa presença ocasional ali, e (mais ou menos) do que estávamos fazendo, pois seus funcionários os comunicavam, para que se nos encontrássemos sem aviso prévio, saberiam quem éramos e que raios estávamos fazendo na propriedade. Eis que o azar de pegar a única pessoa “desavisada” e P da vida (com razão), nos deu uma boa idéia de nosso pior pesadelo: perder todo o trabalho em que nos empenhamos tanto. Ter o acesso de escaladores simplesmente proibido, para sempre.
Aliado a isso, tive a notícia, semana passada, que “mulekes” inventaram de dar um pulinho pra “blogar” os supostos “First Ascents” das vias que conquistamos; tudo é claro, pelo bem da escalada e não do aborrescente ego. O fizeram a despeito do Genja ter deixado claro que o pico ainda não estava aberto pra galera, e os porquês disso.
Se você que está lendo, não consegue elencar os porquês de se “segurar” um novo pico pro público geral, podemos ajudar:
Os Porquês de esperar para abrir um “point” de escalada pra galera:
– Trilhas. Na maioria das vezes, o ambiente é natural, com fauna e flora. A lei é a do mínimo impacto, e a maneira de se conseguir isso em um ambiente que terá muito fluxo humano é marcando TRILHAS.
– Abelhas. Lembra do papo de ambiente natural? Essa faz parte da fauna. Precisávamos retirar algumas abelhas européias, que são invasoras ao nosso sistema, competindo com as jataís, arapuás… e que podem matar algum desavisado, ou nós mesmos, que sabemos delas. Pra ajudar, elas têm o hábito terrível de morar em buracos nas paredes de rocha, bem longe do chão, tornando quase impossível a remoção.
Ainda na parte da fauna, é bom fazer um levantamento da presença de outros animais perigosos (cobras, vespas, marimbondos, etc) que podem ser uma desagradável surpresa para quem circule por lá, além das ABELHAS.
– Da própria conquista. Muitas vezes as vias têm que ser “faxinadas” de tanta sujeira nelas. Isso inclui retirar agarras soltas, que poderiam cair na cabeça, ou sair no peito de desavisados; literalmente varrer agarras lotadas de areia, que pode fazer com que um desavisado escorregue e caia; retirar/remanejar árvores e arbustos embaixo de vias, para que os desavisados não caiam nelas e ninguém se machuque: nem vegetal, nem animal.
Há também a questão da colocação de proteções fixas em alguns tipos de rocha, que necessitam ser coladas, devendo-se esperar a secagem e cura da cola para que a via possa ser guiada, o que caracteriza e torna mais demorada e cuidadosa a logística DA PRÓPRIA CONQUISTA.
– Placas. No local, os desavisados devem ser orientados em relação ao “pode e não pode” através de PLACAS.
– Proprietário. Talvez o mais importante. Vivemos no mundo da propriedade privada, e praticamente não há um naco de chão desse mundo que não tenha dono. Ele é deus em seu domínio. E ponto final. Por isso podemos fazer centenas de furos martelando nossos batedores, mas quem realmente bate o martelo é o PROPRIETÁRIO.
– Respeito. Talvez a conjunção de todos acima, já que quem fica com formiga na bunda pra postar “First Ascents” no 8a.nu é geralmente um sporter, que geralmente não tem iniciativa de conquistar porra nenhuma e ainda assim acha que tirar fotos pendurado é contribuir para a escalada; esse escalador não sabe esperar, e o pior: não entende porque deve esperar; ao invés disso, acusa os conquistadores de terem ciúme das vias conquistadas e vai, sem aviso prévio, fazer o “First Ascent” das vias para depois dar as “ótimas notícias”… e o pior é ter que ouvir os arrotos sobre ética que eles soltam… Bem meus amigos… Arroto a ótima notícia: EMBARGO – parabéns! Vocês acham que fizeram o First Ascent de vias que nós egoístas conquistamos (só) para (só) vocês (só) escalarem (escolha um “só”). Era essa a intenção? Ser o único a mandar uma via? Tomara que tenha sido tudo onsight, pois talvez nunca voltem lá, por falta de RESPEITO.
Desnecessário dizer, que esse “desencontro” com um dos proprietários nos deixou perplexos, como um pesadelo se realizando – tivemos que correr de volta pra rocha, tirar todas as cordas fixas, levantar acampamento e sair, com algum restolho de dignidade e esperança de que o caso possa, mais tarde, ser resolvido satisfatoriamente. Não têm sido fácil, deixar de escalar para alcançar esse sonho; só quem sabe do trampo que é, do suor e sangue depositados pra que uma linha seja conquistada, em cada quebra-cabeça que elegantemente se abre para que o desvendamos com muito esforço e vontade.
Deixamos o ego de lado, quando uma resposta torta ao proprietário poderia significar o “fechamento” do lugar para a comunidade; fomos obrigados a engolir o orgulho pro caldo não engrossar, e o gosto foi amargo. Tudo isso pra quê? Pra que o ego de alguns sejam maiores que a montanha?
Este caso é um exemplo de que não se deve nunca agir na pressuposição de que o dono de uma propriedade concordará placidamente com os objetivos daqueles que se adiantam ao seu consentimento, ocupando da forma que seja uma propriedade privada. De fato, como dizem os próprios conquistadores, o proprietário legal é o úncio que pode facultar acesso a sua propriedade. Estes problemas seriam em grande parte ser evitados se, antes de mais nada, os proprietários legais da terra fossem consultados acerca do que se pretendesse fazer nas terras deles, por mais demorada que fosse essa espera. A lei protege o patrimônio do indivíduo.
Faço das palavras de Juvenal Jaqueiras as minhas…
abraços
Seguinte: O post foi escrito primeiramente como “bronca” à alguns molekes inconsequentes que foram à propriedade sem nos consultar; os donos sabiam de NOSSA presença ali o tempo todo, o que aconteceu foi apenas que a cônjuge de um deles não sabia e manifestou-se. Tínhamos o consentimento, mas aconteceu esse revés quando íamos “oficializar” a coisa toda. Escrevi para “tentar” dar alguma luz em cabeças que parecem não pegar nem no tranco…
Até quando continuará esse tipo de atitude?
Beto, tenha a santa paciência…vocês armaram acampamento na fazenda dos outros sem a autorização dos donos, jogaram bomba em colméia pra tentar matar as abelhas e vem colocar a culpa do fechamento do pico num post meu sobre o FA das vias?
Vai se tratar mano, você só podia estar louco na época.
Que fique claro:
Quem fechou o pico foram vocês e se eu era imaturo o suficiente para dar mais valor a FA em blog ou 8a não ia ser uma “bronca” sua que ia me fazer pensar sobre o que é montanhismo.
Quem você pensa que é pra dar bronca em alguém?
Respeito? Você sabe as implicações desse conceito? Vai estudar seu muleke!!
Pessoal, tenho um problema bem parecido na região de São Pedro (que apresenta um enorme potêncial, e que em apenas uma investida de conquista iniciamos uma via de pelo menos 7c), bem pertinho de São Carlos… o problema é que os proprietários de terras daquela região tem uma péssima impressão dos escaladores. Eles confundem os verdadeiros escaladores com os rappeleiros que invadem as fazendas em busca de se satisfazer descendo uma rocha ou cachoeira dando seus gritinhos de uhuuu… e arrebentando as trilhas, assustando o gado etc… e nós que somos mais conscientes temos que pagar o pato.
Agora fica aqui uma dica que eu estou tentando na região de São Pedro:
– Antes mesmo de começar as conquistas ou abertura de vias tente conversar com os proprietários.
– E o melhor e mais difícil, convença os rappeleiros a se conscientizarem! Eu acredito que não adianta nada ficarmos brigando com eles, o ideal é tentar fazer com que eles entendam a montanha e preservem a cultura local. E como sempre digo, não fiquem gritando nas fazendas, andem de vagar, não tenham medo do gado e não os assuste, e quando ver um sitiante pare e troque meia dúzia de mentiras/lendas … etc…
Bom pessoal vamos conscientizar que nós é que estamos mudando a cultura dos fazendeiros capiar da roça, e vamos com calma que no final as vias serão reabertas.
Bruno, eu tinha me esquecido de falar uma coisa… eu e mais alguns amigos montanhistas estamos conquistando algumas vias na região de São Pedro e tb na divisa com Itirapina, porém, eu tenho um probleminha de tempo para finalizar as conquistas, é que eu fiquei um tempinho parado das escaladas e a um ano estou na ativa novamente, mas eu ainda estou morando em Sampa e só posso investir alguns finais de semana por mês/ano. Então eu peço aos nossos “amigos” “first ascent” e até mesmo aos rappeleiros que não interfiram nas vias em projeto. Pelo bem da escalada da região… Vamos conscientizar!
Por isso eu prefiro não divulgar os “futuros points” e enquanto isso vou trabalhando os proprietários de terras.
Obs: se você puder e quiser, me informe o nome da região onde voce teve problema com os fazendeiros para que eu tb não interfira em sua “conquista/negociação” com proprietários.
Segue meu e-mail caso queira falar a região do ocorrido em “top secret” (weberson_martins@hotmail.com).
Abraço e parabéns pelo Blog, matérias, charges etc… Boas escaladas!
O Idiota do Beto cria uma história gigante de um muleke que quis colocar no 8a o FA das vias. No caso esse muleke era eu, 10 anos atrás. O pico ainda continua fechado, mas o motivo foi outro.
Lendo essa matéria parece que o fechameto do pico deveu-se por conta de meus atos. Em realidade o fechamento foi exclusivamente fruto de como vocês (Genja e Beto) escolheram lidar com os donos. Foram armando acampamento, furando as vias, jogando bomba de festa junina em enxame de abelha. Vocês acham que os donos iam deixar?
Vai te catar Beto…O genja da loja Quero Escalar e o Bruno Alberto Severian armaram um circo em São Carlos para se promover e difamar outros escaladores…péssima atitude para a comunidade montanhista da região.
Espero que este blog publique minhas respostas como forma de diálogo democrático.
Assinado: André Funari “Frango”, no caso, o muleke supra-citado
Cara, eu realmente não sei da onde você tirou tanta criatividade ao ponto de desviar o pensamento para como se o motivo do fechamento do pico fosse a atitude de divulgar o pico antes. O que fechou o pico foram as suas atitudes, de começar um trabalho de abertura de vias (furar os grampos e finalizar uma linha) sem antes mesmo conversar com os donos.
Antes de pisar nas terras vocês deviam ter falado com os donos.
Cara que viagem isso que você escreveu, uma mentira descarada pra que? Pra encobrir o fato que vocês invadiram terras alheias? MOntaram acampamento??
Por que você não contou da bomba gigante que vocês tacaram dentro de um buraco de abelha la? Que fez um puta estouro? Os donos gostaram disso?
Quero receber resposta do autor e do dono do site. Isso é difamação!!! E difamação é crime!!