Por Márcio A. F. Grochocki
Em tempos conturbados, onde a colocação e retirada de estruturas promovem acaloradas discussões entre montanhistas, outro assunto ainda insiste em brotar. O pinus em nossas montanhas.
O simples motivo que o leva sempre a retornar a pauta é o fato de ele nunca ser resolvido. Continua lá, crescendo e se alastrando. Sabemos de maravilhosos e dedicados estudos para descobrir sua origem. Dizem que até mesmo as grandes empresas reflorestadoras tem interesse em controlar esse problema, visando proteger seus empreendimentos de pragas e doenças. Porém nenhuma ação é executada e logo as sementes dos pinus já existentes poderão seguir sua viagem Serra do Mar adentro.
Dizem que as sementes são trazidas pelo vento, provenientes de reflorestamentos próximos. Já ouvi até uma incrível história sobre um famoso político, que sabe-se lá por qual motivo, promoveu a sistemática semeadura utilizando-se de um avião, parecendo inclusive uma daquelas incríveis teorias conspiratórias, fruto de mentes férteis e que facilmente nos envolvem.
Um fato interessante de se observar é que os exemplares que encontramos em nossa Serra, no Tucum e Camapuã por exemplo, parecem realmente ter a mesma idade, claro que já existem algumas exceções mais jovens. Porém não estou afirmando, somente sugiro que você observe essa curiosa coincidência.
Não questiono a importância do pinus em nossa economia. Graças a ele a derrubada de espécies nativas diminui gradativamente, no entanto sua madeira tem utilização específica, não servindo a todos fins. Não sejamos hipócritas em acreditar que toda madeira que nos chega sob o nome de cambará provem do manejo sustentável de florestas. O pinus não é uma planta maldita como muitos afirmam, é apenas o reflexo de ações humanas mal planejadas.
Observamos o louvável esforço de montanhistas, que munidos de suas serras e ideais, empreendem verdadeiras incursões buscando dar sua parcela de contribuição na solução do problema. Porém essas ações independentes são perigosas para seus participantes, pois em nossa atividade existem indivíduos que podem interpretá-las como ofensa ou insubordinação a suas instituições, reações fruto de egos feridos, uma invasão a seus domínios.
Também não questiono a necessidade de uma ação muito bem planejada para resolver o problema. Em algumas montanhas a retirada do pinus gerará impactos semelhantes a um desmatamento, tamanha a quantidade de árvores existentes.
O pinus é um grande “passivo ambiental” sem dono, diferente de outras estruturas abandonadas em nossa Serra. As pessoas empenhadas nessa luta não receberão dinheiro por seu trabalho, apenas a gratidão das futuras gerações de montanhistas, que poderão apreciar uma paisagem em gradativa recuperação de suas características naturais.
Caros Marcio, Andrey e Bruno
Muito imparcial e objetivo o texto. Parabéns.
Fico muito contente de ver que há pessoas, entre aqueles que escalam, que sobem montanhas, que gostam das alturas e de uma liberdade diferente, preocupadas com a invasão de exóticas sobre as áreas de campos e vegetação de baixo porte.
Subi, graças aos apelos de mias de 2 anos de um aluno meu, a serra do Ibitiraquire (?) formada por Camacuã, Camapuã e Tucum e passei alguns dias com minha motosserra derrubando as grandes (23 a mais velha) e tentando limpar uma área para quantificar o custo, mostrar que é possível, conhecer um pouco sobre a invasão e facilitar a futura manutenção. Tenho possibilidades de acertar um projeto para outras ações. Queria conhecer vocês e discutir possibilidade de uma aliança. Sou professor da Escola de Florestas da UFPR. Por favor me contatem. 3360-4234, 9175-3216. obrigado, firkowski