Por Márcio Grochocki
Depois de nossa primeira cruzada ciclística pela região de Prudentópolis, fomos infectados pela magia do lugar. Agora dispúnhamos de um jipe, coisa que facilitou muito nossa vida, e as visitas à região tornaram-se cada vez mais constantes. Ao menos duas vezes ao ano nos colocávamos a rodar pelas estradas para visitar locais já conhecidos e procurar novas cachoeiras nessa fascinante região.
Em uma de nossas viagens decidimos percorrer o maior número possível de lugares. Registraríamos tudo em vídeos e fotos. Em nosso itinerário alguns lugares já visitados como os saltos São Francisco, Gêmeos, São Sebastião, Mlot, Manduri, Barão do Rio Branco e o cânion Perehouski. No entanto um seria novidade para o grupo, o salto São João. Desde a grande viagem de bicicleta a vontade de visitá-lo era enorme.
Visitados os demais saltos partimos em direção ao São João. Lugar maravilhoso, grandes remansos que nos proporcionaram deliciosos banhos e mergulhos. Também várias caminhadas pelo local, inclusive uma até a base do salto. Descemos a íngreme trilha que conduz ao rio. Lá chegando impressionei-me com a caudalosa correnteza de suas águas. Grandes rochas eram fustigadas pela força do rio. Lembrei de nosso querido Nhundiaquara, onde nos finais de semana de verão, uma multidão munida de suas câmaras de ar desfruta de um agradável passeio em suas corredeiras. Pensei que ali, diante de meus olhos, estava uma grande idéia. Descer o rio São João de bóia. Uma versão menos familiar da saudável brincadeira. Comentei com meus amigos mateiros. Estes olharam para o rio, deram algumas risadas sem graça e continuaram a caminhada sem dar atenção a minha sugestão. Minha idéia não encontrou nenhum outro entusiasta.
Essa viagem originou uma linda filmagem sobre a região, a qual não cansamos de assistir. Relembramos as emoções e este é o combustível que nos motiva a planejar novas viagens. Havíamos retornado as nossas rotinas urbanas, mas a idéia de realizar aquela empreitada com as bóias não me saía da cabeça.
Um ano se passou e a vontade de realizar aquela façanha molhada ainda estava acesa. Enfrentávamos uma temporada de chuvas, conseqüentemente poucas escaladas e caminhadas em nossa querida Serra do Mar. Os viciados em montanhas me entenderão, diversas são as dificuldades que enfrentamos quando somos privados do acesso a nossa “droga”. Nosso comportamento muda e nos irritamos facilmente; mente e corpo dependentes do contato primal com a Mãe Terra. Era a época certa para concretizar a louca idéia. Comuniquei aos amigos que prontamente me responderam: “Você está louco?” O único que se interessou de primeira foi meu amigo Ricardo, grande explorador da região.
Começamos os preparativos; tínhamos que comprar as câmaras de ar de caminhão, a comida e elaborar um plano para executar nossa idéia. Nesse meio tempo encontramos mais um participante, o Allan, nosso amigo de infância e parceiro de caminhada do Ricardo em suas homéricas pernadas pela região.
Compradas as bóias bolamos alguns acessórios e estudamos como as transportaríamos. Dessa forma fizemos um cordelete ligado a um punho com fechamento em velcro, semelhante a um “leash” utilizado por surfistas para não perderem suas pranchas. As corredeiras eram fortes; a perda da bóia significava apuros na certa. Já para facilitar o transporte, tanto no jipe como pela caminhada na trilha, fizemos um par de fitas com fivelas ajustáveis com as quais conseguíamos comprimir as bóias, possibilitando dobrá-las mesmo quando cheias, diminuindo assim o seu volume. Decidimos que pilotaríamos as bóias calçados, assim evitaríamos machucar os pés em choques contra as rochas ou eventuais pequenas caminhadas. O Allan providenciaria os coletes salva-vidas para o grupo; seu pai os possuía em uma lancha.
Comida comprada, bóias cheias e pé na estrada! O Allan deixou a questão dos coletes para a última hora. Conclusão: Não os conseguiu. Particularmente fiquei bastante irritado e preocupado com essa omissão. O quesito segurança apresentava uma grande lacuna.
Viagem tranqüila, ainda de madrugada colocamos os pneus a rodar pela BR-277, assim chegamos ao salto São João bem cedo. Dedicaríamos o primeiro dia à aclimatação e treino com nossos novos “equipamentos”.
Escolhemos um trecho bem calmo acima do salto, um grande remanso. Jogamos no rio nossas bóias ainda dobradas com as fitas. Era um tanto complicado subir nelas com esse formato, mas assim que conseguíamos domar nossa montaria aquática, encaixávamos nossos traseiros no pequeno vão entre as fitas e saíamos a remar. Que surpresa! Embora um pouco instável, esse formato apresentava uma dirigibilidade e capacidade de locomoção incrível. Rapidamente cruzávamos o rio, empreendíamos divertidas perseguições uns aos outros e em trechos de pouca correnteza, conseguíamos avançar contra ela. Porém a instabilidade ainda nos incomodava. Quando tombávamos era muito complicado, mesmo em águas calmas, montá-las novamente. À medida que tentávamos subir, as bóias giravam batendo em nossas cabeças nos mandando para baixo d’água. Era quase que uma arte dominar o retorno a bordo de nossas embarcações.
Estávamos em um ambiente bastante calmo, muito diferente da revolta realidade que encontraríamos em nossa empreitada. Resolvemos iniciar uma pequena descida em direção ao salto; sabíamos da existência de pequenas corredeiras e saltos nesse percurso. Os primeiros contatos com a realidade. Visualizamos a primeira corredeira e o coração bateu forte. O formato compacto das bóias que adotamos apresentava uma dirigibilidade incrível. Escolhíamos por onde queríamos passar com relativa facilidade, porém essa escolha apresentaria alguns problemas mais sérios.
Em determinado trecho, a corredeira afunilava em uma garganta com águas revoltas, cercada por pequenas quedas com no máximo 1 metro de altura; momentos tensos. O Ricardo entrou naquele funil e o passou com relativa facilidade; também passei e me impressionei com a velocidade que a bóia adquiriu durante a travessia do obstáculo; porém o Allan não teve a mesma sorte e levou seu primeiro grande caldo. Juntamente com o Ricardo observamos o emaranhado formado pela bóia e seu ocupante descrevendo cambalhotas nas turbulentas águas. Fomos até a margem e decidimos que aquele trecho seria ideal para nossos treinos.
Partimos para novas descidas, desta vez o Allan obteve sucesso, eu optei desviar o afunilamento e encarar uma das quedas que o cercavam, minha bóia deslizava pelo rio, de repente um frio na barriga; havia vencido o desnível. O Ricardo decidiu enfrentar a terrível garganta novamente, mas desta vez teve um probleminha, envolvido por uma ondulação marota foi cuspido contra uma rocha. Um impacto considerável e preocupante; ele nadou até a margem para avaliar sua situação, resolveu interromper o seu treino; sentia fortes dores. Mesmo preocupados com nosso amigo, prosseguimos nosso treinamento; pensamos nesse momento que trazer um capacete também poderia ter sido uma grande idéia.
Foi então que o formato demonstrou seus graves problemas. Tentei mais uma vez encarar o grande afunilamento, mas devido a instabilidade da bóia virei e fui engolido pelos turbilhões. Fiquei desorientado por algum tempo, abri meus olhos e percebi a claridade do sol na superfície e tentei nadar até ela. Porém algo impedia meu sucesso; além das pesadas botas encharcadas, o “leash” havia enrolado em minhas pernas. Em alguns momentos conseguia tomar um pouco de ar, mas logo submergia novamente, percebendo a gravidade de minha situação. É engraçado; quando estamos envolvidos em situações delicadas, alguns segundos são uma eternidade e um milhão de pensamentos povoam nossas mentes. Pensei coisas do tipo: “Então é assim que se afoga”. “Que merda, vou morrer”. “Não consigo me livrar desse maldito cordelete”. Tentei subir na bóia algumas vezes, mas ela rodava batendo em minha cabeça e eu submergia novamente. Pensei também em coisas absurdas, mesmo me afogando não queria perder meu chapéu de estimação, que me acompanha a mais de uma década. Embaixo d’água consegui posicioná-lo de maneira que o cordelete de meu chapéu ficasse ao redor de meu pescoço, evitando assim que eu o perdesse. Momentos de pânico alternavam-se com de tranqüilidade. Foi então que surgiu a mão salvadora de Allan que me tirou daquela grande enrascada, trazendo-me em segurança até a margem. Havia engolido uma boa quantidade de água e minhas narinas ardiam muito. Agradeci muito a meu amigo e rapidamente soltei as fitas que comprimiam a bóia, e voltamos logo ao treino antes que o medo se instalasse.
A bóia em seu formato normal não apresenta grande dirigibilidade, no entanto é muito estável e facilita o auto-resgate. Em caso de queda, agora puxávamos a bóia pelo cordelete e acessávamos a superfície pelo orifício interno da mesma. Rápido e fácil, o oposto do “karma” que era antes subir na bóia. O incidente reafirmou que os coletes salva-vidas eram imprescindíveis. Outra mudança foi utilizar a bóia com o ponto de fixação do cordelete posicionado as nossas costas. Antes o utilizávamos a nossa frente e isso facilitava que ele viesse a enrolar em nossas pernas.
O dia se foi. Armamos nosso acampamento no meio de uma plantação de erva-mate. Preparamos nosso jantar e conversamos sobre a empreitada do dia seguinte. O Ricardo afirmou que participaria, só não havia prosseguido o treinamento porque estava preocupado em acabar se machucando mais, conseqüentemente, comprometendo nossos planos. Acreditava que uma boa noite de sono faria com que as dores desaparecessem, ou pelo menos, diminuíssem. Desta forma fomos dormir; o dia seguinte seria intenso.
Acordamos bem cedo e tomamos um café reforçado, pois não sabíamos a que hora iríamos voltar para nosso acampamento. Não tínhamos a mínima idéia do percurso, sua duração ou em qual momento sairíamos do rio para iniciar a caminhada de volta. Arrumamos nossas mochilas com algumas frutas e bolachas, além de um kit para remendos e uma pequena bomba, caso ocorresse de alguma bóia furar. Comprimimos as bóias com as fitas e partimos caminhando. Um ensolarado domingo, nas casas por onde passávamos, podíamos ouvir em alto volume os rádios transmitindo a missa em ucraniano. Logo estávamos descendo a íngreme trilha de acesso ao rio, preocupados em não danificar as bóias nos numerosos galhos e espinhos que dificultavam o caminho. Algum tempo depois chegamos ao nosso desafio.
A tensão era perceptível em todos. Rostos pálidos, poucas palavras e olhar fixo nas corredeiras. O rio apresentava condições infinitamente piores do que o imaginado. É claro que os incidentes no dia anterior haviam baixado nossa moral. O local onde havíamos treinado era uma piscina frente ao que estávamos prestes a encarar. Olhei para meus parceiros, se naquele momento um deles relutasse em ir eu concordaria prontamente, esvaziaria minha bóia e abandonaria aquela idéia, que agora também via como idiota, porém ninguém falou nada.
Pensei em uma pequena oração e entrei nas águas geladas; coração disparado e a boca seca mesmo na presença de tanta água. Combinamos de partir todos juntos para que ficássemos próximos nos auxiliando caso fosse necessário; estratégia que vimos ir literalmente por água abaixo, assim que iniciamos a descida nos separamos rapidamente e percebemos que éramos apenas marionetes e quem realmente comandava a brincadeira era o rio.
Cavalgávamos a corredeira como peões montados em animais xucros. Pulos seguidos de rápidos mergulhos. Mal passávamos um obstáculo, outro surgia e nos fustigava e assim sucessivamente. Às vezes éramos engolidos pelas águas e nosso corpo chocava-se contra as rochas, mas não tínhamos muito que fazer, apenas puxávamos a bóia sobre nossa cabeça e voltávamos à superfície. Não consegui prestar muita atenção a minha volta, estava muito preocupado em me manter vivo. Nos chocávamos contra as rochas violentamente e submergíamos sob a força da água, logo depois nossa bóia era cuspida para o ar. Éramos intensamente espancados pelo rio; em um determinado momento vi o Ricardo preso entre dois enormes blocos de rochas, embaixo dele um enorme redemoinho tentando tragá-lo. Após alguma luta conseguiu livrar-se das garras daquele grande ralo. O Allan, mais à frente, aparecia e desaparecia na superfície do rio montado em sua bóia, porém logo esta voou pelos ares e ele rapidamente agarrou-se a um pequeno bloco que encontrou pelo caminho. Os “leashes” demonstravam sua utilidade. O rio em alguns trechos dividia-se em duas e, às vezes, em até três partes formando belas ilhas. Em alguns momentos seguíamos pelo mesmo caminho, em outros o rio decidia que deveríamos explorar diferentes trechos. Pude apreciar a bordo de minha bóia a grande inclinação do rio que parecia um imenso tobogã.
Já estava me habituando àquele frenético sacolejar do rio e consegui apreciar as primeiras paisagens ao meu redor. Senti-me minúsculo diante daquele furioso rio cercado por enormes paredões, que ele mesmo escavara com sua incrível força no duro basalto. Contemplei a floresta e como as raízes das árvores formavam um complexo emaranhado que matinha as margens estáveis, longe dos riscos da erosão. Muito mais eficientes e belos que os humanos diques e contenções. Tentei imaginar como eram todos aqueles rios que cruzam nossa cidade, cujas matas ciliares foram destruídas. A prepotência humana interferindo na perfeição da Mãe Terra.
Em determinado momento o rio concentrou suas forças em uma grande curva que fustigava violentamente a margem esquerda. Paramos na margem para analisar o eminente desfio; às vezes parecia que conseguíamos ouvir as pedras chocando-se uma contra as outras no fundo do rio. Decidimos não arriscar e ultrapassamos o obstáculo pela margem e logo voltamos para a água. Mais algumas corredeiras vencidas e em determinado ponto as águas tornavam-se tranqüilas formando um imenso poço. Nas margens três moradores da região pescavam tranqüilamente e ao notarem nossa presença, mudaram de fisionomia mostrando-se espantados com nossa inesperada visita.
Amarramos nossas montarias aquáticas em uma árvore e paramos para prosear um pouco com os pescadores. Algumas perguntas, respostas e risadas depois seguimos caminhando por um pequeno córrego e deparamos com uma linda cachoeira. Nesse ponto pudemos nos localizar e avistamos a nossa frente o belo morro Cabeça de Lobo, com suas torres que pareciam restos de uma antiga muralha. Deduzimos que estávamos na base de uma conhecida cachoeira que utilizamos certa vez a fim de visualizar o morro. Inclusive o Cabeça de Lobo foi palco de incríveis histórias que oportunamente relatarei.
Tiramos algumas fotos e voltamos para nossas bóias; nos despedimos dos pescadores e seguimos viagem. Logo a tranqüilidade do poço cedia lugar a agitação e aos constantes caldos; seguimos descendo e um pensamento tornou-se constante: Por onde sairíamos do rio? Estávamos cercados por imensos paredões e pela mata fechada. Por onde voltaríamos? Embora essas dúvidas nos incomodassem continuamos a descer. Era muito prazeroso desfrutar de todas aquelas sensações proporcionadas pelo rio. Parecíamos crianças, desejávamos que o nosso passeio não acabasse tão cedo. Queríamos aproveitar ao máximo nosso novo brinquedo.
Paramos para comer algumas frutas e discutir nossa situação. Visualizamos ao nosso redor e nada de vestígios da presença humana que nos levassem a uma saída. O Ricardo notou que sua bóia parecia menor e examinando-a descobriu que existia um pequeno vazamento. Decidimos tocar rio abaixo antes que a situação se agravasse, descemos por mais algum tempo, agora nossos olhos fitavam as margens à procura de uma salvação para o eminente sufoco. Tínhamos a bomba e os remendos, mas o conserto demandaria muito tempo e tínhamos que pensar em nossa longa caminhada de volta.
Foi então que percebi algo diferente na margem, parecia um pequeno carreiro. Paramos nossas bóias e enquanto meus amigos aguardavam no rio, segui aqueles traços de caminho e cheguei a uma pequena plantação onde germinavam sementes de feijão. Encontrei uma estrada de carroças e prossegui por ela por algum tempo. Ao examinar a paisagem a minha volta algo me chamou a atenção no horizonte, não muito longe, um risco branco cortava verticalmente a escarpa; pensei: Uma enorme cachoeira! Mas qual era aquela cachoeira? Voltei correndo encontrar meus amigos, havíamos encontrado uma saída.
Mais de três horas de uma estonteante descida. Agradecemos ao rio as emoções proporcionadas e esvaziamos nossas bóias, colocando-as em nossas mochilas. Seguimos a trilha até o ponto onde observei a nova cachoeira. Lá ingerimos a pasta na qual tinham se transformado nossos biscoitos e apreciamos nossa nova descoberta, prometemos algum dia ir até lá.
Voltamos a caminhar tentando imaginar a nossa localização. Olhávamos em nossa volta, nunca havíamos passado pelas proximidades. Seguimos com os olhos o curso do rio São João e notamos que logo à frente ele se juntava a um rio maior, cujo nome não sabíamos.
Continuamos caminhando e avistamos um casebre. Uma senhora apareceu na janela, mas logo sumiu na escuridão do interior do cômodo onde estava. Ficamos incógnitos, mas não tanto quanto ficaríamos com a cena bizarra que presenciaríamos a seguir. No interior de um cercado onde eram criadas galinhas, um senhor estava sentado em um tijolo assando uma delas; tranqüilamente fumava um paiero. Enquanto preparava sua refeição, era observado pelas companheiras da assada. Volta e meia ganhavam um pedaço da companheira, o qual disputavam promovendo uma pequena algazarra. Um tanto surpresos com a cena, iniciamos uma conversa com o estranho senhor, que prontamente nos ofereceu um pedaço de sua iguaria; logicamente recusamos. Fizemos um breve relato de nosso passeio e ele se mostrou surpreso, até mesmo duvidoso da veracidade de nossas palavras. Porém nos confirmou o que já esperávamos. Estávamos bem longe de nosso acampamento. O grande rio que avistamos era o Ivaí e um pouco mais à frente o município de mesmo nome. Pensamos: Nossa como fomos longe! Estamos ferrados! O mesmo homem, enquanto virava o seu assado, nos informou também o nome da cachoeira que avistamos no horizonte. Seu nome era salto da Água Parada.
Despedimos-nos do estranho homem e de suas galinhas canibais e começamos a rumar na direção por ele indicada. Uma terrível subidinha de serra, tão íngreme que nos obrigava a paradas constantes. Tomávamos alguma água e continuávamos a pernar.
Chegamos a uma estradinha e algum tempo depois, notamos que esta se encontrava com uma estrada maior. Ouvimos ao longe o barulho de um veículo. Pensamos: Uma carona! Porém ainda estávamos um pouco distantes dessa estrada. No ato o Allan jogou sua mochila no chão e correu feito um doido na direção em que vinha o barulho. Junto com o Ricardo observei, não daria tempo do Allan chegar, o motorista do caminhão não o veria. O caminhão passou e nosso amigo acenando e assoviando ao longe. O caminhão ia embora junto com nossa esperança quando inexplicavelmente parou. Não sei como, mas o motorista nos viu! Juntei a mochila do Allan e corremos em direção ao caminhão. A carroceria estava cheia de pessoas.
Mais uma vez a sorte estava a nos prestigiar. O destino daquele pessoal era uma partida de futebol bem próxima do lugar onde estávamos acampados. Subimos na carroceria, sob os olhares curiosos de seus ocupantes, e rumamos aliviados e felizes pensando nos relatos, fotos e hematomas que exibiríamos a nossos amigos.