Ser Rastejante… mais vias no Pico Agudo

Por Taylor Thomaz

      No último feriado de Carnaval, mais precisamente sábado e domingo, eu e o Elcio Muliki estivemos na região de Sapopema (Norte do Paraná) explorando as possibilidades do Pico Agudo e suas paredes. Estava um calor terrível com muitos mosquitos, principalmente o “Birigui” parente próximo dos “Porvinhas”, nossas mochilas estavam quase que insuportáveis de pesadas, e como não temos um carro 4X4 tivemos que andar ainda mais, eram muitos equipos, material de conquista, furadeira, corda, móveis, chapas, bolts, costuras, barraca, rango pra dois dias, 6 litros de água por cabeça, etc, resumindo tava muito punk as mochilas, foi quase uma peregrinação.

      Armamos nosso acampamento há uma meia hora abaixo das paredes, e para chegar a este tivemos que fazer duas viagens, pois a partir dali a subida empina um pouco mais. Ainda no sábado pegamos as tralhas e fomos às paredes, mas na subida tem um trecho que de longe parece uma graminha mas de perto parece um canavial fechado de uns 2,50 metros de altura e por azar erramos a trilha pois é meio ruim de achar. Foi “só se for dance” abrindo caminho no meio daquilo e cabreiro de topar com uma cobra, enfim acessamos por cima do Setor de Mão Beijada depois de uma brava luta com um punhado de abacaxis, batemos uma parada com dois grampos de 1/2″ e descemos para tentar os movimentos de uma aresta negativa linda de uns 28 metros, eu estava péssimo e pra subir num platôzinho pra dar segue fui meio rastejando e ainda disse pro Élcio: “Pense num Ser Rastejante!”. Ele entrou nos lances já marcando o local possível das chapas e teve bastante trabalho pra definir os movimentos mas enfim chegou em riba. Na sequencia foi minha vez, entrei na parede e esbocei os movimentos verificando a precisão dos locais das chapas que o Elcio havia marcado. Fim de dia, voltamos pro acampamento.

      No outro dia acordamos as 5:30 hs, depois de uma noite quente pacas e briga com os biriguis, tomamos um café e dá-lhe pras paredes. Chegamos lá e já fomos equipando a “Ser Rastejante”, nome que ficou em homenagem ao nosso estado deplorável do dia anterior, mais o meu que o do Elcio. Enfim mudamos a posição das chapas da saída somente e estava pronto pra tentar a cadena, 10 chapas e um camalot 2 no final mas que é possível fazer sem, o qual nem usei. Entrei na via na instiga de encadenar e logo de saída tem um crux de 7b pra chegar num platozinho inclinado onde rola um descanso, depois você vai mandando lances de VI/VI Sup bonitos e bem diferentes dos quais estamos acostumados. A partir da sexta chapa já estava encadenado até ali (mas bombado) e vem um crux de 7b seguido de outro de 7c, os quais não consegui botar tudo na sequência sem queda, mas saíram após uns descansos. O Elcio fez da mesma forma e não conseguimos mandar a cadena mas que sugerimos o grau de 8a pra botar tudos os crux na cadena, enfim precisa a galera entrar pra confirmar.

      Nesse horário o sol era de lascar e nos abrigamos numa caverninha na base da “Fissura de Mão Beijada” pra bater um rango, e conversando decidimos tentar uma outra via num bloco que já havíamos visto da outra vez, próximo as vias já abertas, e pra lá fomos. Armamos uma corda de cima numa parada móvel, e o Elcio começou a tentar os lances, fazendo a saída pela direita numa aresta muito bonita, e em cima tem um tetinho maroto “cruquelento”, então foi minha vez , entrei na aresta pela direita e dá-lhe no tetinho num calor muito f… Sugerimos também um 8a, ainda não equipamos pois as baterias da furadeira haviam acabado e nossa empolgação junto com elas porque naquele sol infernal não tivemos gás de abrir na marreta e nossa água já era! O nome da via ficou “Ser Voador” devido às nossas expectativas e suas dificuldades bem como uma coruja que vimos à noite e o Élcio disse: “Pense num Ser Voador”.
Enfim o local é de difícil acesso, o Pico Agudo é implacável e tem que estar com vontade mesmo de escalar e se ferrar um pouco pra isso, principalmente no verão, mas tem muitas paredes, muitas possibilidades, uma pitada de ambiente remoto e uma beleza sem par, pois do seu cume é possível ver o grande Rio Tibagi no fundo das encostas do outro lado, e também se vislumbra muitas outras possibilidades em seu entorno, proximidades bem como do outro lado do rio no “Chapadão do Tibagi”.

      O Pico Agudo é um lugar que vislumbro adicionar em muito à escalada do Norte do Paraná. É um point muito promissor com muitas possibilidades ainda a atrair escaladores de outras regiões, pois ao enfatizar o “perrengue” que passamos, deu pra passar um pouco do que é estar escalando na região do Pico Agudo. É como um tomar bom chimarrão, saboroso desde que se acostume com seu gosto amargo.

Gostaríamos de agradecer especialmente a loja TERRITÓRIO pelo constante apoio dado a estas conquistas.

Clique na imagem para ver o croqui:Linha das Vias

Elcio Muliki na saída da “Ser Rastejante” – 8aElcio na Ser Rastejante

4 Responses to Ser Rastejante… mais vias no Pico Agudo

  1. elcio disse:

    Muito perrengue,sede,mosquitos…
    Mas a vontade de voltar ao Agudo é muito maior que isso.

    Abraços!

  2. Taylor disse:

    Ahhhh certeza já tô na pilha de ir lá de novo tentar a cadena da Ser Rastejante e abrir mais umas viazinhas…
    Abrass

  3. Taylor disse:

    Preciso ir lá logo logo tentar essas cadenas!!!

  4. Taylor disse:

    Tá ficando bom de ir pro Agudo galera vamo se agilizar!!!

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